QUEM MANDOU MATAR

Caso Marielle: "Quando serão condenados os mandantes?", perguntam parentes após julgamento dos assassinos

Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz, executores do assassinato da vereadora e do motorista Anderson Gomes, foram condenados, e agora familiares lutam pela responsabilização de quem mandou matar

Familiares de Marielle se emocionam após o julgamento dos assassinos.Créditos: Tânia Rêgo/Agência Brasil
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Familiares de Marielle Franco e Anderson Gomes, logo após a leitura do veredito do Tribunal do Júri do Rio de Janeiro que condenou os assassinos da vereadora e seu motorista, nesta quinta-feira (31), se emocionaram e prometeram continuar lutando pela condenação dos mandantes do crime. 

Ronnie Lessa, o autor dos disparos, foi sentenciado a 78 anos e 9 meses de prisão, enquanto Élcio de Queiroz, que conduzia o veículo que emboscou a parlamentar, recebeu uma pena de 59 anos e 8 meses. Os dois condenados são ex-PMs.

Em conversa com a imprensa após o julgamento, Antônio da Silva Neto, pai de Marielle, afirmou que a família seguirá lutando pela responsabilização de quem mandou matar a vereadora. 

"Não acaba aqui porque tem mandantes. E agora a pergunta que nós vamos fazer é: ‘Quando serão condenados os mandantes?’ Porque aquele choro que eles exibem nas suas oitivas, pra mim, não é um choro sincero. O choro sincero foi o nosso, porque nós perdemos a nossa filha, a Agatha perdeu o Anderson e a Mônica perdeu a Marielle", declarou. 

Ágatha Arnaus, viúva de Anderson Gomes, foi na mesma linha, relembrando que os irmãos Chiquinho e Domingos Brazão e o delegado Rivaldo Barbosa, acusados de serem os mandantes do crime, são ex-parlamentares e policial. 

"Quem tem que perdoar é Deus ou quem acredite. Eu não perdoo, nunca. Eu tenho paz na minha vida, mas eu não preciso perdoar. Que eles eram assassinos, a gente já sabia. Agora a gente também tem ex-parlamentares e ex-chefe de polícia que tem que ser responsabilizados também", disse. 

Anielle Franco, ministra da Igualdade Racial e irmã de Marielle, afirmou que " aluta não acaba aqui". 

"A gente sabia que tinha que lutar e batalhar por Justiça e hoje a gente sai daqui com esse sentimento. A gente sabe que não acaba aqui, ainda tem uma parte, saber quem pensou, quem mandou, quem pagou por esse crime", pontuou. 

O julgamento 

O Tribunal do Júri do Rio de Janeiro condenou nesta quinta-feira (31) os assassinos da vereadora Marielle Franco, morta a tiros de submetralhadora em março de 2018, e de seu motorista, Anderson Franco, também vitimado no atentado. Ronnie Lessa, o autor dos disparos, foi sentenciado a 78 anos e 9 meses de prisão, enquanto Élcio de Queiroz, que conduzia o veículo que emboscou a parlamentar, recebeu uma pena de 59 anos e 8 meses. Os dois condenados são ex-PMs.

Ronnie e Élcio foram considerados culpados pelos crimes de duplo homicídio triplamente qualificado, tentativa de homicídio contra Fernanda Chaves, a assessora de Marielle que sobreviveu ao ataque, e receptação do veículo Cobalt prata, utilizado no crime.

Na plateia do tribunal, familiares da vereadora e do motorista foram tomados pela emoção. Em meio a choro, Marinete e Antônio, pais de Marielle, e a filha dela, Luyara, se abraçaram juntamente com a viúvas Mônica Benício, ex-companheira da parlamentar, e Ágatha Reis, esposa de Anderson.

Apesar de as penas terem sido elevadas, por conta do acordo de delação assinado pelos dois réus, que entregaram os mandantes do crime, eles devem ficar presos bem menos tempo. Ronnie Lessa ficará na cadeia por um período máximo de 18 anos, enquanto Élcio de Queiroz permanecerá no regime fechado por no máximo 12 anos.