O DJ Alok acaba de lançar seu primeiro álbum. Não, você não leu errado. Em atividade há vários anos e autor de vários hits da música pop, ele nunca se preocupou em fazer um disco. Seus lançamentos sempre foram em formato de single.
A surpresa, no entanto, não para por aí. O álbum, chamado “O futuro é ancestral” não tem nada a ver com o que ele tem feito e, muito provavelmente, nenhuma das faixas vai virar sucesso mundial. Nem ele está preocupado com isso.
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Cada uma das nove canções do álbum conta com as vozes, os cantos de oito etnias indígenas do Brasil. A experiência de Alok com os povos originários não é novidade. Em 2015, ele viajou até a aldeia dos indígenas yawanawá, no Acre.
Quase dez anos depois, ele reuniu no álbum “O futuro é ancestral” as vozes dos povos huni kuin, kariri xocó, guarani mbyá, xakriabá, guarani-kaiowá, kaingang, guarani nhandewa e dos yawanawá, povo que teve contato em 2015. O lançamento, não por coincidência, ocorre nesta sexta-feira (19), o Dia Internacional dos Povos Indígenas.
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"Enquanto eu trabalhava para chegar às paradas de músicas mais tocadas, eles estavam fazendo canções com intenção de curar e levar sua espiritualidade adiante. Perceber isso me transformou", afirmou ele em entrevista à Folha.
O resultado do álbum é surpreendente e, ao contrário de outros projetos que envolvem cânticos indígenas – como o caso dos excelentes álbuns de Marlui Miranda – o disco de Alok não trata exatamente da música tradicional.
O DJ mistura seus sons eletrônicos, todos eles com extrema maestria e muita musicalidade, a cânticos e também manifestações modernas, como é o caso da faixa “Rap Nativo”, cantada pelo rapper O?werá, que é guarani Mbyá.
Em “Jaraha”, outra faixa rap, Alok contou com a participação do grupo Brô MC's, considerado o primeiro grupo de rap indígena do país. Eles cantam em guarani e fazem uma súplica pela preservação das terras.
O álbum como um todo, no entanto, passa longe da música pop eletrônica a que Alok, o mais famoso artista brasileiro do gênero, nos acostumou. Ao mesmo tempo, também está distante da canção tradicional indígena, como comentado acima.
Em “Manifesto Futuro Ancestral”, que deu nome ao álbum, um recado em português gravado pela deputada federal Célia Xakriabá (PSOL): "Nós estamos sendo sufocadas pelo Congresso Nacional/ antes do Brasil da coroa, existe o Brasil do cocar/ o futuro é ancestral."
A aventura musical percorrida por Alok, além de servir como um alerta a respeito da destruição dos nossos povos originários e, é claro, das riquezas naturais do planeta, funciona também como um chamado à juventude.