Larissa Lopes de Araújo chorou no plenário do Supremo Tribunal Federal, ao defender o réu Matheus Lima de Carvalho Lázaro, o terceiro a ser julgado na Corte pelos atos golpistas do 8 de janeiro.
Ela se disse "apartidária", nos fazendo lembrar dos gritos de "sem partido" que acompanharam as manifestações de extrema-direita em junho de 2013.
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Larissa se disse apavorada, temerosa, diante do que qualificou como desmoralização por parte do relator Alexandre de Moraes, que nem cumprimentou os advogados de defesa.
Ela afirmou que as sentenças já estavam prontas, antes mesmo do julgamento.
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É impossível afiançar se houve uma combinação entre os advogados escolhidos para defender os quatro primeiros réus acusados de tentar um golpe em 8 de janeiro.
Chama atenção que há muito em comum no discurso deles, que fala diretamente à base bolsonarista.
Agressividade e vitimização se combinam. Lágrimas de uma advogada, palavras duras do desembargador Sebastião Coelho da Silva, que se aposentou de maneira dramática antes das eleições de 2022, acusando Alexandre de Moraes de promover a guerra no Brasil.
Atuando como advogado do primeiro réu, Aécio Lúcio Costa Pereira, o ex-desembargador bombou nas redes da extrema-direita com seu "desabafo":
Nessas bancadas aqui, nesses dois lados, senhores ministros, estão as pessoas mais odiadas deste país. Infelizmente, quantas fotos eu tenho com ministros desta corte. Muitas, muitas. Não vim ao velório de Sepúlveda Pertence, uma pessoa que eu amava muito, para não dizer que estava afrontando essa corte. Mas vossas excelências tem que ter a consciência que são pessoas odiadas neste país. Essa é uma realidade que alguém tem que dizer isso diretamente.
Depois do ataque, se vitimizou, anunciando que estava sendo perseguido e tinha tido seu sigilo bancário quebrado a pedido do Conselho Nacional de Justiça, que investiga se o desembargador aposentado instigou o golpe de 2023.
"Os supremos de Brasília, você está no covil de muitas cobras. Muito cuidado", escreveu uma das seguidoras do advogado Hery Waldir Kattwinkel Junior numa rede social.
A foto que ele postou recebeu 1.878 comentários, a grande maioria de elogios.
Hery atacou o STF em sua sustentação oral em defesa do réu Thiago de Assis Mathar
Teve coragem de enfrentar cara a cara aqueles que, no discurso dos apoiadores de Bolsonaro, "fraudaram a eleição para colocar Lula no poder".
A gafe do advogado, que confundiu Maquiavel com Saint-Exupéry, não significa absolutamente nada do ponto de vista dos bolsonaristas, em comparação com o que Hery disse bem diante de Alexandre de Moraes:
Eu vejo que o ministro Alexandre de Moraes inverte o papel de julgador nesta Suprema Corte, ele passa de julgador a acusador. É um misto de raiva com rancor, com pitadas de ódio, quando se fala dos patriotas.
Hery também se fez de vítima:
Algumas violações, pediria que a OAB [Ordem dos Advogados do Brasil] pudesse valorizar mais as prerrogativas dos advogados. Por muitas vezes nossas prerrogativas foram violadas. Na Papuda, eu fiquei quase 15 horas para suplicar entrada e poder ver o meu cliente, passando com água e bolachinha. A cena que vi lá me lembrou muito o Holocausto
Por fim, Hery repetiu uma fake news muito popular no bolsonarismo, segundo a qual o ministro Luís Roberto Barroso teria dito que "eleição não se ganha, se toma".
Depois de Moraes, Barroso é o ministro mais odiado, por causa de um bate boca nas ruas de Nova York em que disse a um bolsonarista que o filmava: "Perdeu, mané, não amola!"
Por causa de sua fala no STF, Hery foi expulso do partido Solidariedade em Votuporanga, no interior de São Paulo. Ele já foi vereador na cidade.
Quando disputou a Prefeitura pelo PTB, em 2020, teve 36% dos votos.
Como o próprio Alexandre de Moraes notou, ao rebater o advogado, o vídeo da fala de Hery no STF poderá catapultar sua carreira política.
É outra estratégia muito comum -- e eficaz -- do bolsonarismo.
Todo agrupamento político com tinturas fascistas depende de movimento, de ação. Os advogados dos réus do 8 de janeiro estão cumprindo o seu papel.