OPINIÃO

Assassinato de Marielle Franco: o fim da “fantástica fábrica” de fraudes processuais

Como um grupo poderoso há cinco anos destrói provas e desvia o foco da investigação do homicídio de Marielle Franco e Anderson Gomes?

O delator Élcio Queiroz em foto nas redes sociais com um semblante conhecido no país.Créditos: Reprodução
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Há seis meses as investigações do caso Marielle e Anderson foram assumidas pela Policia Federal. Em um único semestre, as diligências jogam luz sobre uma série de fraudes praticadas por um poderoso grupo que trabalha duro, para desviar o foco das investigações. Cometendo fraudes no curso do processo e mantendo intocáveis os mandantes do crime.

Execuções sumárias, destruição de veículos, armas e até as câmeras de CFTV, que registraram em diversos pontos da cidade a movimentação. Existem informações dando conta inclusive um namoro entre Jair Renan e a filha do Ronnie Lessa, criado como álibi para justificar diversas ligações telefônicas entre as residências, em período suspeito. Além disso tudo, muito dinheiro para manter o   conforto de pessoas envolvidas, em troca de silêncio.

No entanto, o possível ‘fio de Ariadne’ está na prisão do ex-sargento do Corpo de Bombeiros Maxwell Simões Correa.  ‘Suel’, como é conhecido entre os mais íntimos, ostenta um vultuoso patrimônio vivendo em condomínio de alto padrão. Supostamente “vendendo” carros de luxo, o ex-bombeiro militar cumpria pena em regime aberto por atuar, ativamente em diversas fraudes processuais, que retardaram as investigações do duplo homicídio nos ultimo cinco anos.

Tal avanço foi possível após a delação de Elcio Queiroz, ex-PM e parceiro de Ronnie Lessa, também um ex-policial, além de vizinho e amigo intimo do ex- presidente Jair Bolsonaro e sua família. Élcio, coautor do homicídio com Rony posiciona Suel como partícipe do delito com colaboração fundamental no “iter criminis” ou Itinerário do Crime, atuando na fase de preparação e execução do homicídio. Foi ele quem dispôs o carro no local antes do crime e após a execução do delito, destruiu essa prova.

Mas, o que impressiona de fato, é a sofisticação do grupo que manteve os agentes criminosos durante 5 anos criando fatos, destruindo provas, coagindo testemunhas e principalmente realizando a famigerada “queima de arquivo”.  Grande exemplo, o caso da execução sumária do sargento da Polícia Militar Edimilson Oliveira da Silva, conhecido como Macalé, ocorrida em 2021.

Macalé foi quem trouxe a tarefa criminosa para os envolvidos; era a principal conexão do grupo criminoso com o mandante do crime.

Atualmente, tanto ‘Suel’ quanto Rony, estão sob a custódia do Estado que além de lhes proteger, também deverá produzir novas provas para desvendar as diversas ações que mantém intocáveis os mandates do crime. Estaríamos assistindo o fim da “fantástica fábrica” de fraudes processuais? Ou ainda, parodiando o clássico do escritor galês Roald Dahl, a grande expectativa é sobre a descoberta do “dono dessa fábrica”.