A celebre frase “um governo do povo, pelo povo e para o povo” faz parte do discurso de Gettysburg, proferido pelo ex-presidente dos Estados Unidos, Abraham Lincoln, em 1863. Essa expressão destaca a ideia central de que o poder e a autoridade de um governo emanam do povo e devem ser exercidos em benefício da população.
A Constituição Federal insculpe que “Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente”.
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Ambas as expressões exprimem a ideia de participação ativa do povo no processo de construção democrática. De certa forma, um rompimento com o tradicional modelo político controlado por uma oligarquia de senhores poderosos que influenciam o cenário político e determinam os “escolhidos” para exercerem o poder.
Quando alguém se refere ao “presidente sem diploma” como forma de deslegitimar sua capacidade de articulação e arcabouço cultural para o cargo privilegia o modelo oligárquico como o ideal. Aponta como preferência política uma democracia de fachada que amplia as desigualdades e promove a manutenção dos abismos sociais em direção ao poder.
Recentemente, Carlos Alberto de Nóbrega, homem branco e rico, conhecido por conduzir uma receita artística criada por seu pai no auge da era do rádio, cercado por artistas com conteúdo de baixo nível cultural, provocou a opinião pública atacando suposta ausência de diploma do presidente da República.
Lula, que possui 36 títulos honoris causa pelo mundo, historicamente se constituiu figura pública cercado de intelectuais das mais diversas áreas, além do notório reconhecimento internacional como líder político, rebateu com classe nas redes sociais o comentário petulante do “humorista”. Obviamente, não há como comparar o legado cultural que cada um deixará para o país em suas memórias.
Carlos Alberto utilizou em seu discurso preconceituoso a lembrança de Lula recebendo seu primeiro diploma como presidente. Uma das cenas mais emocionantes do período democrático deste país. A lembrança trazida pelo dono do programa que conquistou audiência fazendo piadas misóginas e esculhambando a diversidade social, étnica e de gênero é justamente a maior marca da democracia e concretiza os sentidos do discurso de Abraham Lincoln e principalmente do parágrafo único do art. 1° da CF 1988.
Por outro lado, a leitura da mesma cena pelo decadente humorista é apenas o retrato do ódio de classes daqueles que não suportam a democracia.
*Este artigo não reflete, necessariamente, a opinião da Revista Fórum.