Aqui e ali, em sites religiosos conservadores, principalmente evangélicos, leio equívocos como “é impossível um cristão votar na esquerda” e mentiras absurdas como “o PT vai fechar as igrejas”, “Lula tem pacto com Exu”, e outros disparates fomentados pelo gabinete do ódio, e infelizmente alimentados por sites “evangélicos” comprometidos com a mentira, a propagação de Fake News e a manipulação da mente de muitos irmãos de fé.
Então quero apresentar, neste artigo, apenas três dos muitos motivos que me levam, como cristão e evangélico, a votar em Lula. Sem mais enrolação, vamos aos argumentos:
1) Voto em Lula porque entendo que o julgamento bíblico sobre as nações está claro no texto de Mateus 25: “Eu estava com fome, e vocês me alimentaram; Eu estava com sede, e vocês me deram de beber; Eu estava sem casa, e vocês me deram um quarto; Eu estava com frio, e vocês me deram agasalho; Eu estava doente, e vocês me visitaram; Eu estava preso, e vocês vieram me ver’. (...) O Rei dirá: ‘Afirmo esta verdade solene: toda vez que vocês fizeram essas coisas a algum marginalizado ou excluído, aquele era eu — estavam ajudando a mim.” (Bíblia “A Mensagem”)
Leia novamente este texto bíblico e responda honestamente: em qual projeto de governo essas verdades foram vivenciadas? Nos governos do PT ou nos tempos de fome, miséria e violência de Bolsonaro? As propostas de alimentar a quem tem fome, dar casa a quem não tem, de uma saúde gratuita e acessível a todas as pessoas e uma política de segurança pública que busque a recuperação e a ressocialização do indivíduo ao invés do punitivismo do “bandido bom é bandido morto” se aproximam mais dos governos “de esquerda” ou dos governos “liberais” e “de direita”?
2) Voto em Lula porque, como BATISTA, tenho como herança a luta pela total separação entre Igreja e Estado. Sim, o Estado Laico é também uma luta de parte do protestantismo. Não é admissível uma igreja que queira impor ao Estado suas concepções de “pecado” como leis para todos. E é justamente essa separação que garante a TOTAL E PLENA LIBERDADE RELIGIOSA, inclusive garantindo às igrejas o direito de defenderem seus credos, desde que não queiram IMPOR AO ESTADO suas crenças.
Curiosamente, são justamente os cristãos os maiores críticos de governos teocráticos não-cristãos por imporem ao povo seus ideais religiosos, inclusive não permitindo a livre expressão religiosa divergente (no caso, a cristã), como países comandados por extremistas islâmicos (vale ressaltar que isso não corresponde a todo o Islã). Ou seja, aqui vale o ditado popular “pimenta nos olhos dos outros é refresco”. Se há uma coisa a que todo o cristão deveria se apegar é à total laicidade do Estado, ÚNICA GARANTIA de total liberdade religiosa.
3) Voto em Lula porque, ao contrário do que a enxurrada de mentiras que até alguns pastores propagam (e é bom lembrar que, biblicamente, o pai da mentira é o Diabo!), jamais houve ou haverá “perseguição à igreja” em governos do PT. Muito pelo contrário. Foram justamente os anos de governo de Lula e Dilma, os anos em que a Igreja Evangélica mais cresceu no Brasil. Foi Lula, por exemplo, quem sancionou a Lei que garante personalidade jurídica às igrejas, o que significa, na prática, plena liberdade de culto. Foi Dilma quem sancionou a Lei que instituiu o dia 31 de Outubro (Dia da Reforma Protestante) em “Dia Nacional da Proclamação do Evangelho”. Portanto, quaisquer pastores ou líderes que afirmem “perseguição” por parte do PT são MENTIROSOS e não devem ser ouvidos como “servos de Deus”, já que não cabe a um cristão a propagação da mentira.
Como disse no início, estes são apenas três, dos muitos argumentos que poderia apresentar, como cristão evangélico, para votar em Lula e rechaçar, de vez, o governo violento e anticristão de Bolsonaro. Não há compatibilidade entre a fé cristã e a mentira, a violência e o ódio que o atual presidente e seus comandados tanto propagam. O Brasil precisa de amor e paz. O Amor vencerá o ódio! E Lula será nosso presidente, pra alegria de todos, inclusive dos cristãos!
**Este artigo não reflete, necessariamente, a opinião da Revista Fórum.