A política pública de reforma agrária atinge 2,5 milhões de brasileiros do campo e da cidade. Há 1 milhão de famílias assentadas, sendo que 400 mil delas são da base do MST, um dos maiores e mais importantes movimentos sociais do Brasil e da América Latina.
Fundado oficialmente em janeiro de 1984, o Movimento nasce a partir de acúmulo de lutas camponesas dos anos anteriores tanto por melhores condições de trabalho no campo quanto por democracia. Afinal, estamos falando dos anos de redemocratização do país: fo naquele ano em que 4 milhões de brasileiros tomaram as ruas exigindo o fim da ditadura, usando a consigna: “Diretas Já”.
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Alvo de ataques permanentes do latifúndio, do agronegócio e da grande mídia, o MST enfrenta a violência no campo desde sua criação. Nesse período, cerca de 2 mil trabalhadores rurais foram assassinados. Entre eles, dezenas de líderes e membros do Movimento. Somente no mês de janeiro, em único ataque ocorrido em Tremembé (interior de São Paulo) 6 pessoas foram atingidas e 2 perderam a vida.
Movimento social combativo e capilarizado, com fortes relações internacionais (é parte da Via Campesina), o MST é uma organização política que investe na reflexão teórica, na formação de quadros e também na criação de cooperativas de trabalhadores. Embora seja nitidamente vinculado à esquerda e próximo do PT e de outros partidos democrático-populares, o MST mantém diálogo com um amplo leque de aliados, combinando atuação popular e institucional.
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Nas eleições de 2024, em inédita articulação política nacional impulsionada pelo MST foram eleitos 110 vereadores e vereadoras além de 23 prefeitos e vices ligados à luta pela reforma agrária em 19 estados brasileiros.
Embora aliado histórico de Lula (o MST foi um dos impulsionadores da campanha Lula Livre e do acampamento em frente à sede da PF de Curitiba), o MST tem feito críticas à lentidão das políticas de assentamento e reforma agrária no atual governo.
O encontro nacional realizado em janeiro deste ano, aprovou um documento no qual os sem-terra avaliam que há uma paralisação da reforma agrária e afirmam que o agronegócio contribui para a crise ambiental e a desigualdade social. A carta também defende a "reforma agrária popular" como "um caminho possível para superar a destruição ambiental, a concentração de riqueza e a desigualdade social".
João Paulo Rodrigues, um dos principais dirigentes nacionais do movimento, avalia que, com acertos e erros, o MST ao mesmo tempo em que melhorou a vida das pessoas e ajudou a assentar um milhão de famílias também “tem uma contribuição teórica no método de organização popular e na luta pela dignidade do povo do campo e formou uma geração de novas mulheres e homens agricultores, camponesas e sem terra de todo o país”.