As cinco vítimas do massacre do Assentamento Olga Benário, do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) em Tremembé (SP), continuam hospitalizadas após serem baleadas por criminosos que invadiram o local na noite da última sexta-feira (10).
Uma das vítimas está internada na UTI em estado grave após cirurgia realizada neste domingo (12) para a retirada de estilhaços de projétil alojado em sua cabeça. Já os outros quatro feridos foram atingidos na mão, pé, braço e na bacia. Com exceção de uma pessoa, que não poderá retirar o projétil do corpo, as outras três vítimas já passaram por cirurgia e estão fora de risco.
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O MST não divulgou a identidade das vítimas por questão de segurança, já que o local continua sob risco de ataques.
O ataque feito por cerca de 40 homens armados resultou em duas vítimas fatais, Valdir Nascimento (52) e Gleison Barbosa (28). Os criminosos chegaram em carros e motos e dispararam sobre as famílias assentadas que estavam reunidas em um dos lotes. Os moradores afirmam que as características do ataque revelam execução, com disparos na cabeça e pelas costas.
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O coordenador nacional do MST, Gilmar Mauro, destaca que a região de assentamentos é próxima a zonas urbanas, "o que desperta a sanha do capital imobiliário que tenta invadir estas áreas para torná-las condomínios voltados à especulação”.
As famílias estavam lá para impedir a entrada dessa milícia, mas foram abordados por um arsenal muito grande que, por sorte, não vitimou mais pessoas”, acrescenta.
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Suspeitos presos
No dia seguinte ao ataque, a Polícia Civil de São Paulo prendeu um dos suspeitos, acusado de ser o mandante intelectual do massacre. Antonio Martins, conhecido como "Nero do Piseiro", confessou o crime na delegacia. Ele ainda delatou outro homem como envolvido no ataque: Ítalo Rodrigues da Silva, que teve a prisão decretada pela Justiça nesta segunda-feira (13) mas segue foragido.
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PF investigará massacre a assentamento do MST
Por ordem do Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP), a Polícia Federal (PF) instaurou um inquérito para investigar o ataque ao assentamento Olga Benário, de acordo com nota publicada pelo órgão no sábado (10).
Além disso, o presidente Lula (PT) também afirmou que irá visitar o assentamento. O anúncio foi feito por Gilmar Mauro, que afirmou ter recebido um telefonema do presidente prestando solidariedade pelo ocorrido.
"Agora há pouco falamos pessoalmente com o presidente Lula e ele anunciou que colocará a Polícia Federal para fazer as investigações e ele pessoalmente, assim que puder viajar de avião, virá para a região. E é isso que a gente quer. Que seja investigado, que seja punido, mas ao mesmo tempo que o Incra ( Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) e o MDA (Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar) resolvam definitivamente esse problema das invasões de lotes da reforma agrária aqui no Vale do Paraíba e em todo o Brasil", declarou Gilmar Mauro.