Logo após a prisão do homem que liderou o ataque a tiros que resultou na morte de duas pessoas em um assentamento de agricultores do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) na cidade de Tremembé, no Vale do Paraíba (SP), o delegado da seccional de Taubaté, Marcos Ricardo Parra, disse em entrevista coletiva que o crime teria sido cometido no contexto de uma "briga interna".
Gilmar Mauro, membro da direção nacional do MST, entretanto, rechaça a tese de que o ataque teria sido cometido por membros do próprio movimento e afirma que o atentado teria como pano de fundo a pressão da especulação imobiliária contra assentamentos da reforma agrária na região.
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Em cinco carros e duas motocicletas, dez homens armados invadiram um espaço coletivo do assentamento Olga Benário, na noite da última sexta-feira (10), e abriram fogo contra as famílias. Crianças e idosos estavam no local no momento do ataque. Valdir do Nascimento, conhecido como Valdirzão, de 52 anos, e o jovem Gleison Barbosa de Carvalho, de 28 anos, não resistiram aos ferimentos causados pelos disparos e morreram. Outros seis membros do movimento foram baleados e estão internados – um deles, em estado gravíssimo, foi colocado em coma induzido.
Ao falar sobre o caso, o delegado afirmou que a motivação exata para o crime ainda é investigada, mas que num primeiro momento o que se sabe é que pessoas do assentamento estariam em discordância em relação à entrada de novos assentados no local, ou seja, contra a venda ou aquisição de lotes na área, que é legalizada.
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“Com o assentamento fechado que é, eles têm ali um entendimento de existir concordância para a admissão de pessoas novas no local. Até onde a gente apurou, essa concordância não teria acontecido nessa comercialização do terreno”, declarou.
O dirigente nacional do movimento, Gilmar Mauro, contudo, afirmou em vídeo divulgado nas redes sociais que a especulação imobiliária que visa tomar lotes dos assentados para construir condomínios seria a razão que motivou o ataque.
"Essa é uma região de muitos assentamentos próximos às zonas urbanas e, portanto, motivo da senha do capital imobiliário local. Primeiro, invadindo áreas de reservas florestais e, depois, invadindo lotes dentro dos assentamentos com o objetivo de transformar esses em áreas de condomínios", disse.
"É o conluio de parte de políticos regionais e obviamente a utilização de forças das milícias para fazer a execução e o massacre que fizeram no assentamento. As famílias estavam lá para impedir a entrada dessa milícia mas foram abordados com um arsenal armamentista muito grande e, por sorte, não morreu mais gente", prosseguiu.
Assista ao vídeo:
Lula vai visitar assentamento e Polícia Federal entra no caso
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva informou que visitará o assentamento do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) em Tremembé (SP) que foi alvo de um atentado na última sexta-feira (11). O ataque resultou na morte de 2 militantes do movimento e deixou outras 6 pessoas feridas.
Gilmar Mauro, da direção nacional do MST, foi quem anunciou a visita de Lula ao assentamento. O dirigente recebeu um telefonema do presidente prestando solidariedade pelo ocorrido e informando que determinou a entrada da Polícia Federal (PF) na investigação do caso. Neste sábado (11), um homem apontado como líder do grupo que promoveu o ataque foi preso pela Polícia Civil de São Paulo.
"Agora há pouco falamos pessoalmente com o presidente Lula e ele anunciou que colocará a Polícia Federal para fazer as investigações e ele pessoalmente, assim que puder viajar de avião, virá para a região. E é isso que a gente quer. Que seja investigado, que seja punido, mas ao mesmo tempo que o Incra ( Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) e o MDA (Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar) resolvam definitivamente esse problema das invasões de lotes da reforma agrária aqui no Vale do Paraíba e em todo o Brasil", declarou Gilmar Mauro.
Governo Lula oferece assistência às famílias
O governo Lula tomou medidas imediatas após o ataque ao assentamento do MST. O ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira, anunciou que irá a Tremembé, a pedido do presidente Lula, para acompanhar as investigações. Ele também informou que o presidente determinou que a Polícia Federal acompanhe o caso e classificou o crime como bárbaro, sugerindo que o ataque foi uma tentativa de subtração de lotes pelo crime organizado.
Além disso, o Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania (MDHC) anunciou que oferecerá assistência às lideranças e aos moradores do assentamento. A ministra Macaé Evaristo declarou que o governo está atuando de forma coordenada com órgãos de segurança pública e justiça para enfrentar o conflito e evitar novas tragédias.
O que aconteceu
Criminosos armados promoveram, na noite desta sexta-feira (10), um atentado contra um assentamento de agricultores do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) em Tremembé, no interior de São Paulo, e assassinaram dois militantes do movimento. Outros seis membros do MST foram baleados e estão internados no Hospital Regional de Taubaté.
Em cinco carros e duas motocicletas, dez homens armados invadiram um espaço coletivo do assentamento Olga Benário e abriram fogo contra as famílias. Crianças e idosos estavam no local no momento do ataque.
Valdir do Nascimento, conhecido como Valdirzão, de 52 anos, e Gleison Barbosa de Carvalho, de 28 anos, não resistiram aos ferimentos causados pelos disparos e morreram.
Em conversa com a Fórum, integrantes do MST informaram que as famílias haviam se reunido para recuperar uma área do assentamento que havia sido alvo de invasão e o ataque teria vindo em retaliação. No boletim de ocorrência consta que o atentado foi deflagrado em um contexto "possivelmente envolvendo disputa por terras". O caso segue sob investigação.
Gilmar Mauro, da direção nacional do MST, detalhou em áudio enviado à Fórum o contexto que estaria por trás do atentado: "É uma região de alguns assentamentos muito próximo às áreas urbanas e onde há uma pressão da especulação imobiliária muito intensa, articulada com políticos locais e também com milícias para adentrar nos nossos territórios e tomar alguns lotes para ir expandindo o capital imobiliário".
Em vídeo divulgado nas redes sociais, o dirigente reforçou que a especulação imobiliária que visa tomar lotes dos assentados para construir condomínios seria a razão que motivou o ataque.
"Essa é uma região de muitos assentamentos próximos às zonas urbanas e, portanto, motivo da senha do capital imobiliário local. Primeiro, invadindo áreas de reservas florestais e, depois, invadindo lotes dentro dos assentamentos com o objetivo de transformar esses em áreas de condomínios", disse.
"É o conluio de parte de políticos regionais e obviamente a utilização de forças das milícias para fazer a execução e o massacre que fizeram no assentamento. As famílias estavam lá para impedir a entrada dessa milícia mas foram abordados com um arsenal armamentista muito grande e, por sorte, não morreu mais gente", prosseguiu.
O assentamento
O assentamento Olga Benário do MST em Tremembé, que abriga cerca de 45 famílias, é regularizado pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) desde 2005.