A Polícia Federal entrará na investigação do massacre perpetrado na noite de sexta-feira (10) contra um assentamento do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), em Tremembé, no interior de São Paulo, que resultou na morte de duas pessoas. A determinação para que os federais participem do caso foi dada pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública.
O crime bárbaro teria ocorrido justamente no momento em que os campesinos estavam reunidos para recuperar uma área do assentamento que está degrada. Havia mulheres e crianças no local, quando 10 homens, divididos em cinco carros e duas motocicletas, chegaram à área rural e dispararam diversos tiros contra os integrantes do MST.
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“O Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) determinou, neste sábado, 10 de janeiro, que a Polícia Federal (PF) instaure um inquérito para investigar o ataque ao assentamento Olga Benário, do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), em Tremembé, no interior de São Paulo. No ofício enviado à PF, o ministro em exercício, Manoel Carlos de Almeida Neto, cita a violação a direitos humanos. Uma equipe da PF, com agentes, perito e papiloscopista foi deslocada para o local”, diz a nota divulgada na tarde deste sábado (11) pela Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom).
Entenda o que aconteceu
Criminosos armados promoveram, na noite desta sexta-feira (10), um atentado contra um assentamento de agricultores do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) em Tremembé, no interior de São Paulo, e assassinaram dois militantes do movimento. Outros seis membros do MST foram baleados e estão internados no Hospital Regional de Taubaté.
Em cinco carros e duas motocicletas, dez homens armados invadiram um espaço coletivo do assentamento Olga Benário e abriram fogo contra as famílias. Crianças e idosos estavam no local no momento do ataque.
Valdir do Nascimento, conhecido como Valdirzão, de 52 anos, e jovem o Gleison Barbosa de Carvalho, de 28 anos, não resistiram aos ferimentos causados pelos disparos e morreram.
Em conversa com a Fórum, integrantes do MST informaram que as famílias haviam se reunido para recuperar uma área do assentamento que havia sido alvo de invasão e o ataque teria vindo em retaliação. No boletim de ocorrência consta que o atentado foi deflagrado em um contexto "possivelmente envolvendo disputa por terras". O caso segue sob investigação da Polícia Civil e, até a publicação desta reportagem, ninguém havia sido preso.
Gilmar Mauro, da direção nacional do MST, detalhou em áudio enviado à Fórum o contexto que estaria por trás do atentado: "É uma região de alguns assentamentos muito próximo às áreas urbanas e onde há uma pressão da especulação imobiliária muito intensa, articulada com políticos locais e também com milícias para adentrar nos nossos territórios e tomar alguns lotes para ir expandindo o capital imobiliário".