ATENTADO AO MST

Justiça decreta prisão de segundo suspeito por massacre em assentamento do MST

Ítalo Rodrigues da Silva foi identificado após delação de primeiro envolvido preso, mas segue foragido

Assentamento do MST em SP é alvo de massacre.Créditos: Arquivo/MST
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Um segundo suspeito pelo massacre no Assentamento Olga Benário, do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), em Tremembé, São Paulo, teve a prisão preventiva decretada pela Justiça na tarde deste domingo (12). 

Ítalo Rodrigues da Silva, considerado foragido, foi identificado após a delação de Antonio Martins, conhecido como "Nero do Piseiro", preso no sábado (11) acusado de ser o responsável intelectual do grupo. De acordo com a Polícia Civil, Antonio já tinha passagem por porte ilegal de arma de fogo. 

O atentado ao assentamento ocorreu na noite de sexta-feira (10) após cerca de 10 homens armados invadirem o local atirando, com cinco carros e duas motos. Três pessoas morreram e cinco ficaram feridas. 

A Polícia Civil registrou o caso como homicídio, tentativa de homicídio e porte ilegal de arma de fogo de uso permitido.

Em nota, o MST afirmou que o ataque é mais uma face dos conflitos de terras no estado de São Paulo. "A ausência de políticas públicas efetivas por parte do governo paulista deixa os territórios de Reforma Agrária vulneráveis e as famílias assentadas desprotegidas, reforçando um cenário de insegurança e violência", diz o movimento.

"O Assentamento Olga Benário enfrenta uma intensa disputa com a especulação imobiliária voltada para o turismo de lazer, devido à sua localização estratégica na região do Vale do Paraíba. Há anos, as famílias assentadas vêm sofrendo ameaças e coerções constantes, mesmo após diversas denúncias feitas aos órgãos estaduais e federais, que seguem sem uma resposta efetiva para garantir a segurança e a permanência dessas famílias no território", acrescenta. 

Gilmar Mauro do MST: o que está por trás de ataque a assentamento

A Polícia Civil afirmou, logo após a prisão do primeiro suspeito pelo crime, que a causa do atentado seria uma briga interna entre os assentados. O delegado da seccional de Taubaté, Marcos Ricardo Parra, disse que a motivação exata para o crime ainda era investigada, mas que num primeiro momento o que se sabia é que pessoas do assentamento estariam em discordância em relação à entrada de novos assentados no local, ou seja, contra a venda ou aquisição de lotes na área, que é legalizada.

Gilmar Mauro, membro da direção nacional do MST, entretanto, rechaça a tese de que o ataque teria sido cometido por membros do próprio movimento e afirma que o atentado teria como pano de fundo a pressão da especulação imobiliária contra assentamentos da reforma agrária na região. 

Em vídeo divulgado nas redes sociais, Mauro afirma que a especulação imobiliária que visa tomar lotes dos assentados para construir condomínios seria a razão que motivou o ataque. 

"Essa é uma região de muitos assentamentos próximos às zonas urbanas e, portanto, motivo da senha do capital imobiliário local. Primeiro, invadindo áreas de reservas florestais e, depois, invadindo lotes dentro dos assentamentos com o objetivo de transformar esses em áreas de condomínios", disse. 

"É o conluio de parte de políticos regionais e obviamente a utilização de forças das milícias para fazer a execução e o massacre que fizeram no assentamento. As famílias estavam lá para impedir a entrada dessa milícia mas foram abordados com um arsenal armamentista muito grande e, por sorte, não morreu mais gente", prosseguiu. 

PF investigará massacre a assentamento do MST 

A Polícia Federal entrará na investigação do massacre perpetrado na noite de sexta-feira (10) contra um assentamento do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), em Tremembé, no interior de São Paulo, que resultou na morte de três pessoas. A determinação para que os federais participem do caso foi dada pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública.

“O Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) determinou, neste sábado, 10 de janeiro, que a Polícia Federal (PF) instaure um inquérito para investigar o ataque ao assentamento Olga Benário, do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), em Tremembé, no interior de São Paulo. No ofício enviado à PF, o ministro em exercício, Manoel Carlos de Almeida Neto, cita a violação a direitos humanos. Uma equipe da PF, com agentes, perito e papiloscopista foi deslocada para o local”, diz a nota divulgada na tarde deste sábado (11) pela Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom).

 

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