GENOCÍDIO EM GAZA

Breno Altman reage a tentativa de censura e prisão pela confederação israelita: "doutrina macabra"

Em nova ofensiva, entidade representativa do movimento sionista pede a prisão preventiva do jornalista, além da suspensão das contas nas redes e a proibição de dar entrevistas.

O jornalista Breno Altman.Créditos: Felipe L. Gonçalves/Brasil247
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Alvo de uma perseguição atroz dos sionistas, o jornalista Breno Altman, fundador do site Opera Mundi, reagiu a mais recente ofensiva da Confederação Israelita do Brasil, a Conib.

A organização ligada ao movimento sionista entrou com ação na Justiça de São Paulo pedindo a suspensão de todas as contas ligadas ao jornalista nas redes sociais e a censura total, impedindo Altman de dar entrevista em quaisquer veículos de mídia.

Na representação, protocolada na Vara Criminal de São Paulo, a Conib ainda pede a prisão preventiva do jornalista e o impedimento de que ele participe de quaisquer manifestações que tenham "o mesmo cunho e objetivo de intolerância e de incitação à violência". 

"A forma de agir do sionismo é semelhante a de outras correntes racistas. Seus adeptos agem em bando, com vultosos recursos financeiros e organizativos. Tentam interditar o debate a qualquer custo, especialmente quando confrontados por judeus que se opõem a essa doutrina macabra", escreveu Altman na rede X, antigo Twitter, na manhã desta terça-feira (16).

Nas redes, o jurista Pedro Serrano, professor de Direito Constitucional da Puc-SP, afirmou que os sionistas querem a "morte civil" de Altman.

"Querem a morte civil de @brealt. Pode-se divergir das posições de Breno, mas não de seu direito a expressa-las. Criticar o Estado ou o governo de Israel não é anti-semitismo como criticar os Estados fundamentalistas Islâmicos não é, em si, islamofobia. Querem retirar de Breno sua capacidade de falar, sua humanidade", disse Serrano, que faz a defesa de Altman.

Na ação, a Conib ainda reclama dizendo que Altman "aumentou seu tom de agressividade" ao ser perseguido pelos sionistas.

"Entretanto —mesmo havendo decisão judicial cível impondo que cesse seus ataques— o indigitado acusado somente aumentou seu tom de agressividade, sugestionando que os judeus ou sionistas devem ser tratados como inimigos da humanidade", dizem os sionistas.

Luta contra o genocídio

Desde a escalada do conflito entre o grupo árabe-palestino Hamas e Israel, Altman vêm mantendo discurso contundente em repúdio às ações de Tel Aviv que já culminaram na morte de mais de 24 mil palestinos, direcionando críticas também ao posicionamento da Conib, que passou a acusar o jornalista de racismo e antissemitismo. 

A entidade israelita, então, acionou a Justiça contra Altman. A ação resultou em uma decisão liminar, nesta semana, do desembargador Salles Vieira, da 2ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo, ordenando que as plataformas retirem doze postagens do jornalista, ampliando o alcance de uma liminar anterior, de primeira instância, a qual a Conib havia recorrido. 

Além disso, o procurador Maurício Fabreti, do Ministério Público Federal, em resposta a solicitação da Conib contra Breno Altman, pediu à PF abertura de inquérito contra o jornalista. Segundo a petição as postagens de Altman indicariam "a ocorrência de crimes, supostamente, previstos no art. 20 caput, parágrafo 2º, da Lei nº 7.716/89" ("praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional", bem como arts. 286 (incitação ao crime) e 287 (apologia a ato criminoso) do Código Penal.

A Delegacia de Direitos Humanos e Defesa Institucional da PF, a pedido do delegado Érico Marques de Mello, por sua vez, solicitou dados cadastrais de Altman à plataforma X (antigo Twitter), com o objetivo de instruir inquérito policial. O próprio jornalista recebeu um comunicado da rede social sobre a solicitação de dados.

A Associação Brasileira de Imprensa (ABI) divulgou uma nota em que repudia a abertura de inquérito da PF contra Breno Altman e em que classifica a ação contra o jornalista como "intimidação". 

"Confundir as posições antissionistas de Altman – cidadão judeu – com crime de antissemitismo é fazer o jogo dos que defendem o genocídio que o governo de Israel comete na Palestina, ao provocar milhares de assassinatos, inclusive de inocentes crianças. Para a ABI essa investigação soa como evidente assédio a um jornalista crítico. Uma tentativa de calá-lo com ameaça de um processo criminal, o que é inconcebível no estado democrático de direito, que todos nós jornalistas sempre nos empenhamos em defender, notadamente nos últimos anos", diz trecho do comunicado.