O jornalista Breno Altman, fundador do site Ópera Mundi, foi alvo de ameaças que circularam no grupo de WhatsApp chamado "Jew Politics", formado por 299 integrantes de comunidades sionistas no Brasil.
As ameaças, obtidas pelo site Brasil 247, constam ameaças de agressões e de retaliações, além de insultos ao jornalista por conta de sua posição com relação ao conflito em Israel. Altman, que é judeu, faz duras críticas ao "apartheid", ao "Estado colonial de Israel" e ao "genocídio" que vem sendo promovido pelo governo de Benjamin Netanyahu contra o povo palestino na Faixa de Gaza.
Algumas das mensagens que circularam no grupo foram excessivamente agressivas. Em uma delas, um internauta identificado como Patrick Peres afirma: "tem que dar um cala boca na porrada, precisa arrancar os dentes da boca desse fdp [filho da p***] e cortar os dedos fora para parar de escrever e falar merda."
Já em outra, um perfil que se identifica como Ariel Jew Krok compartilhou um post do também jornalista Caio Blinder, em que Altman é comparado a um kapo. Os kapos foram judeus que serviram como agentes nazistas nos campos de concentração.
No diálogo, Ricardo Kahn contesta a comparação com os kapos, porque, segundo ele, alguns colaboracionistas do passado agiriam desta forma para salvar a própria pele, em circunstâncias adversas. Em seguida, Vivian afirma que "tem gente trabalhando para calar a boca dele".
Na sequência do diálogo, Fernando Plapler diz que "tinha que dar um pau nesse kapo".
Em outro trecho, Renato Rubin propõe uma vaquinha para enviar Altman à Palestina, e Gabi Sterenberg diz que ele merecia ser linchado. Vivian, outra integrante do grupo, também afirma que já tem "gente grande" se mexendo contra o editor do Opera Mundi.
Resposta de Altman
Breno Altman respondeu aos ataques em sua conta do Twitter. Segundo ele, em postagem intitulada AVISO AOS NAVEGANTES, “seria mais simpático escrever para os inúmeros companheiros e companheiras que gentilmente foram solidários nos últimos dias, a quem agradeço de coração. Mas vou escrever às centenas de animais e robôs que me ameaçam”, avisa.
“O sionismo é estruturalmente covarde e boquirroto”, prossegue o jornalista. “Calças-frouxas, dizia meu avô. Como todas as formas de racismo, cria gente que arrota valentia, mas foge em desabalada carreira. Conheço essa malta desde criança. Uns bundas sujas e moles, por tradição. Há três gerações minha família está acostumada a enfrentar esses supremacistas. Quanto mais ameaças recebo, mais me divirto com a falta de caráter da turba. Vocês não valem nada. Estão condenados à lata de lixo da história”, encerra.
Ameaças a outros judeus
Além de Breno, outros judeus que não concordam com a causa sionista, como o jornalista Andrew Fishman, editor do Intercept, e o professor Michel Gherman, estudioso de questões judaicas, também são citados nos diálogos.
Altman participou de um ato pró-Palestina, na Avenida Paulista, em São Paulo, neste domingo (15). Ao discursar, ele afirmou que o "Estado colonial de Israel é inimigo da Humanidade".