O setor de transportes brasileiro tem potencial para cortar quase 70% das emissões de gases de efeito estufa projetadas para 2050. Para isso, o segmento apresentou um plano com “alavancas para a descarbonização”, que incluem mudanças na matriz de transportes, expansão do uso de biocombustíveis e eletrificação de veículos — medidas que podem atrair até R$ 600 bilhões em investimentos.
O estudo “Como tornar o setor de transportes um contribuidor ativo para a redução das emissões brasileiras” foi apresentado na segunda-feira (12/5), em Brasília, durante o seminário “Brasil rumo à COP30”. O trabalho foi elaborado pela Coalizão para a Descarbonização dos Transportes, formada por mais de 50 entidades do setor.
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Metas foram solicitadas pela Presidência da COP30
A elaboração do plano foi motivada por uma demanda da Presidência da COP30. O presidente da conferência, embaixador André Corrêa do Lago, pediu a cinco setores da economia para apresentar propostas que acelerassem a descarbonização do país — e o setor de transportes foi o primeiro a entregar suas recomendações, conforme destacou o Capital Reset.
O estudo leva em conta um cenário de inação até 2050, considerando o crescimento econômico previsto para o período. Atualmente, o setor de transportes é responsável por cerca de 11% das emissões nacionais, totalizando 260 milhões de toneladas de CO2 em 2023.
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Sem medidas de mitigação, as emissões poderiam chegar a 324 milhões de toneladas em 2035 e a 424 milhões de toneladas em 2050, segundo dados do Valor. Com a aplicação das medidas propostas, o volume projetado para 2050 cai para 137 milhões de toneladas de CO2, redução de 68% em relação ao cenário sem ações e 47% abaixo das emissões atuais (IstoÉ Dinheiro).
As “90 alavancas” para reduzir emissões
O setor listou 90 alavancas para a descarbonização, mas três se destacam pelo impacto expressivo, respondendo por 60% do corte total das emissões:
- Mudanças modais na matriz de transportes: priorização de meios de menor emissão, como transporte ferroviário e navegação;
- Expansão do uso de biocombustíveis: adoção ampliada de etanol, biodiesel e SAF (combustível sustentável de aviação);
- Eletrificação e novas tecnologias: eletrificação dos veículos e tecnologias emergentes, como o hidrogênio verde.
Essas iniciativas, além de contribuírem para a redução do impacto ambiental, podem atrair investimentos da ordem de R$ 600 bilhões ao longo das próximas décadas, promovendo a modernização e sustentabilidade do setor.