Os incêndios florestais, intensificados pela seca severa, provocaram uma liberação recorde de gases de efeito estufa na Amazônia Legal em 2024. As emissões de carbono, estimadas em 176,6 megatoneladas, são as maiores desde 2010. Esses dados foram divulgados pelo observatório Copernicus, da União Europeia, que destacou a grande quantidade de queimadas, especialmente nas regiões das Américas.
O estudo europeu converge com os resultados do Programa Queimadas do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), que publicou, nesta semana, que os biomas brasileiros tiveram recordes de incêndios em 2024.
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Segundo Mark Parrington, cientista sênior do Copernicus, tanto a América do Norte quanto a América do Sul tiveram um papel de destaque nas emissões globais de incêndios, com eventos de grandes proporções ocorridos em países como a Bolívia, além do Pantanal e de áreas da Amazônia.
Os incêndios não apenas liberaram gases-estufa, como também pioraram a qualidade do ar, prejudicando a saúde das populações locais. Em várias partes do Brasil e da Bolívia, os níveis de material particulado fino ultrapassaram os limites recomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) entre agosto e outubro de 2024.
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A seca na Amazônia, que começou a se intensificar em meados de 2023, foi um fator que contribuiu para o aumento das queimadas. O fogo também se espalhou por outros países com presença do bioma, como a Venezuela.
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Pantanal
No Pantanal, a maior área úmida tropical do planeta, foi registrada uma atividade de incêndios sem precedentes, com um aumento significativo das emissões de carbono, principalmente entre maio e junho de 2024. Nesse período, o bioma liberou 3,3 megatoneladas de carbono, o maior valor da série histórica. Em Mato Grosso do Sul, onde se concentra a maior parte do Pantanal, as emissões no acumulado de 2024 chegaram a 18,8 megatoneladas de carbono, também o maior valor já registrado no estado.
A situação foi semelhante na Bolívia, que também registrou um aumento nas emissões devido aos incêndios de grandes dimensões, alcançando os maiores índices desde que os dados começaram a ser coletados.
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Entre janeiro e novembro de 2024, o Inpe registrou 134.979 focos de incêndio na Amazônia, um aumento de 43,7% em relação ao mesmo período de 2023, o maior índice desde 2007. A alta foi ainda mais pronunciada em outros biomas: no Cerrado, os focos cresceram 64,2%, enquanto no Pantanal, o aumento foi de 139% em comparação com 2023.
Tradicionalmente, a temporada de incêndios no Brasil ocorre entre agosto e outubro, com pico em setembro. Porém, em 2024, os primeiros sinais de seca severa já apareceram em julho, indicando que o país enfrentaria condições favoráveis ao agravamento das queimadas.
Com informações da Folha de S. Paulo