Entre 1985 e 2023, a Amazônia viu 90% de seus hectares desmatados serem destinados à criação de pastagens, que atualmente ocupam 14% do bioma, o que corresponde a uma área semelhante ao estado de Minas Gerais.
Para realizar essa análise, foram utilizadas imagens de satélite e inteligência artificial, permitindo um mapeamento detalhado da cobertura e do uso da terra em toda a Amazônia.
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Coordenado pela Rede MapBioma, o estudo sobre ocupação do solo foi realizado para investigar as mudanças provocadas pela ação humana na região ao longo dos últimos 39 anos, envolvendo mais de 100 pesquisadores de universidades, ONGs e empresas de tecnologia.
Pastagem é o maior uso do solo
Durante esse período, a área de pastagem cresceu 363%, saltando de 12,7 milhões de hectares para 59 milhões de hectares. Essa expansão representa o segundo maior uso do solo na Amazônia, atrás apenas da formação florestal, que ainda ocupa 67,8% do bioma.
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Outros usos incluem florestas alagáveis (9,3%), campos alagados (2,1%), água (2,8%), agricultura (1,7%), formações campestres (1,3%) e outras categorias que somam 1%. Além disso, as pastagens avançaram sobre áreas úmidas, resultando na perda de 3,7 milhões de hectares, o que equivale a 5,6% do total dessas áreas.
Em área total, foram 55 milhões de hectares, o que representa uma diminuição de 14% nos últimos 39 anos, entre 1985 e 2023.
Floresta caminha para ponto de não retorno
Com isso, a Amazônia brasileira tem hoje 81% de seu território coberto por florestas e vegetação nativa – o que a coloca muito próximo da margem estimada pelos cientistas para seu ponto de não retorno, estimado entre 80% e 75% de vegetação nativa. Esses 81% incluem 8,1 milhões de hectares de vegetação secundária (3%), ou seja, que cresceu novamente depois de ser desmatada
Desse total, 50,4 milhões eram formações florestais, com uma queda significativa de 336 milhões de hectares para 285,8 milhões.
O pesquisador Jailson Soares, do Imazon e integrante da equipe Amazônia do MapBiomas, alerta que a quantidade de vegetação nativa removida é alarmante, e a continuidade dessa perda pode levar a região ao chamado "ponto de não retorno", onde o bioma perde sua capacidade de manter funções ecológicas essenciais e de se recuperar de distúrbios, podendo resultar na degradação irreversível.
Com informações de MapBiomas