ENSINANDO AO MUNDO

Na COP da Floresta, Belém quer mostrar que são muitas as Amazônias

Evento vai mostrar complexidade da região

Desconhecida.O mundo desconhece a complexidade da AmazôniaCréditos: Reprodução
Escrito en MEIO AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE el

Belém tem hoje cerca de 30 obras em andamento, na expectativa de receber em novembro de 2025 a 30ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP30).

O governo federal, baseado em análise da Fundação Getúlio Vargas, estima que ao menos 40 mil pessoas visitarão a cidade durante o evento, 7 mil diretamente ligadas à conferência.

O legado pode ser próximo àquele que as Olimpíadas deixaram no Rio de Janeiro.

Belém terá um novo museu, parque temático e o projeto de nova doca na margem do rio Amazonas, de 1,2 quilômetro de extensão.

Apesar do nome oficial, na cidade o evento está sendo chamado de COP da Floresta.

Bioeconomia

Um dos legados mais interessantes que o evento deixará em Belém é o Parque da Bioeconomia.

Terá a Escola de Saberes da Floresta, Centro de Turismo, Espaço de Bioeconomia e Inovação, Observatório da Bioeconomia e Centro de Cultura Alimentar -- o objetivo é preservar o patrimônio natural e cultural do Pará, além de apontar saídas sustentáveis para o futuro da economia.

A Escola de Saberes já teve sua aula magna. O professor Almires Martins, que é guarani-terena, previu que os cursos colocarão lado a lado ideias muito distintas sobre desenvolvimento:

Quando se vai desenvolvendo a ideia, há um choque de epistemologias, de filosofia indígena ou da floresta. Toda essa ideia do meio ambiente é uma preocupação mundial. Nesse sentido, os povos indígenas têm muito a contribuir, o modo como nós pensamos, imaginamos e praticamos isso é chamado de consciência ambiental, e ela passa por outros caminhos diferentes.

O Pará abriga mais de 50 etnias, que eventualmente poderão contribuir para uma intensa troca de conhecimento.

Museu das Amazônias

O projetado Museu das Amazônias também deverá ser inaugurado antes da COP da Floresta.

A ideia é ambiciosa.

Deixar claro que a Amazônia não é uma só, mas muitas.

O governador Jader Barbalho resumiu, ao lançar a obra:

O nome é ‘Museu das Amazônias’ porque a Amazônia de Belém é uma, a Amazônia de Chaves é outra, e nossos campos do Marajó, que se assemelham às savanas, são outra Amazônia – e isto tudo falando só no território paraense, mas eu poderia destacar a Amazônia do Acre, as Amazônias de Rondônia, de Roraima, e do nosso vizinho, o Amazonas.

Chaves fica na costa paraense do Oceano Atlântico.

Experiência única

O Brasil pretende dar uma experiência única aos visitantes.

As duas primeiras COPs aconteceram em Berlim e Genebra, ambas na Europa.

Desde então viajaram o mundo: duas vezes na Argentina, por exemplo.

A COP 3, em Kyoto, no Japão, foi marcante por definir o "primeiro tratado internacional para controle da emissão de gases de efeito estufa na atmosfera".

As Nações Unidas tem feito um esforço para levar a mensagem da mudança climática para todo o planeta.

O encontro deste ano, por exemplo, será em Baku, no Azerbaijão.

Em Belém, será a primeira COP bem no miolo da floresta tropical.

Chefes de Estado e de governo e autoridades ambientais terão a oportunidade de discutir mudança climática em uma região que tanto pode mitigar o problema, quanto ser destruída por ele.

O presidente Lula, entusiasta da reunião, destaca outro aspecto importante: 

É importante a gente cuidar do ecossistema, da biodiversidade, da nossa floresta, mas é muito importante a gente cuidar do povo que vive na Amazônia. É importante saber que, por aqui, moram 28 milhões de seres humanos que precisam trabalhar, comer, ganhar salário, viver dignamente.