Elite global consome toda sua cota de carbono para 2025 em apenas 10 dias

Impacto desproporcional é impulsionado principalmente pela queima de combustíveis fósseis, segundo dados da Oxfam GB

Créditos: Divulgação/Pilatus
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Em apenas 10 dias, o 1% mais rico do planeta esgotou o que seria sua cota justa de emissões de carbono para o ano de 2025, de acordo com uma análise da Oxfam GB. Nesse curto período, cada integrante dessa elite emitiu, em média, 2,1 toneladas de dióxido de carbono. Em contraste, uma pessoa pertencente à metade mais pobre da população mundial levaria três anos para causar o mesmo impacto ambiental.

Esse impacto desproporcional é impulsionado principalmente pela queima de combustíveis fósseis, como carvão, petróleo e gás, que geram emissões de dióxido de carbono (CO2). Esse gás, ao se acumular na atmosfera, dificulta a dispersão do calor recebido do sol, agravando o aquecimento global e desencadeando mudanças climáticas graves.

Embora alguns episódios de aumento temporário da temperatura global já tenham ultrapassado 1,5 °C em relação aos níveis pré-industriais, os cientistas alertam que a meta de limitar o aquecimento a esse nível está cada vez mais fora de alcance.

O aumento das temperaturas já intensificou eventos climáticos extremos, como furacões, secas e ondas de calor, resultando em insegurança alimentar, derretimento de geleiras, elevação do nível do mar e perda de habitats naturais. As consequências mais severas, no entanto, recaem sobre as populações mais pobres, especialmente em regiões tropicais, que possuem menos recursos para lidar com os desafios impostos pelas mudanças climáticas.

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Segundo o estudo da Oxfam, o 1% mais rico — cerca de 77 milhões de pessoas que ganham mais de US$ 140.000 anuais — emite, em média, o dobro do carbono produzido pela metade mais pobre da população mundial. Esse estilo de vida luxuoso contrasta fortemente com a realidade dos mais afetados pela crise climática.

Chiara Liguori, especialista em justiça climática da Oxfam GB, criticou o comportamento dessa elite: “Enquanto o futuro do planeta está em risco, essa pequena elite continua a explorar os recursos globais de forma irresponsável. É urgente que governos acabem com privilégios e imponham medidas para que esses indivíduos assumam sua responsabilidade pela destruição ambiental.”

Os números refletem essa desigualdade: apenas dois jatos privados de Jeff Bezos, fundador da Amazon, emitiram mais carbono em um ano do que um trabalhador médio da empresa nos EUA em dois séculos. Já os três iates da família Walton, herdeiros do Walmart, liberaram 18.000 toneladas de CO2 em um único ano, equivalentes à pegada de carbono de 1.700 funcionários da rede.

Para que o consumo dessa elite esteja alinhado à meta de limitar o aquecimento global a 1,5 °C, seria necessário que suas emissões fossem reduzidas em 97% em relação aos níveis de 2015 até 2030. No entanto, a análise aponta que os cortes esperados não ultrapassam 5%.

*Com informações de The Guardian 

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