Entre 1991 e 2023, mais de 3.460 pessoas morreram no Brasil em desastres como enchentes e deslizamentos, muitos provocados por chuvas intensas. Mesmo assim, um levantamento do Instituto Trata Brasil mostra que 32,5% dos municípios brasileiros ainda não têm nenhum tipo de sistema para drenar a água da chuva.
O dado faz parte de um estudo inédito sobre drenagem urbana no país, divulgado nesta quarta-feira (23). A pesquisa usou informações do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SINISA), com base em dados de 2023 e participação de 4.958 municípios — o equivalente a 89% do total do país, representando 95% da população brasileira.
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A drenagem pluvial é essencial para evitar alagamentos, erosões e deslizamentos, especialmente em um país tropical como o Brasil, onde temporais são frequentes, principalmente no verão. Apesar disso, a infraestrutura segue precária em muitas regiões.
Segundo o estudo, apenas 40,4% dos municípios têm sistemas exclusivos para escoamento da água da chuva. Outros 12,6% usam redes unitárias, que misturam esgoto e águas pluviais, e 14,5% operam sistemas mistos. Já o tratamento da água da chuva é ainda mais raro: só 3,2% das cidades afirmaram ter alguma estrutura nesse sentido.
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Quando o assunto é planejamento, a situação também é frágil. Apenas 5,3% dos municípios possuem um Plano Diretor de Drenagem, instrumento que ajuda a organizar ações de prevenção e resposta a eventos extremos.
Mesmo com tragédias como as enchentes de 2024 no Rio Grande do Sul, os investimentos seguem abaixo do necessário. Entre 2021 e 2023, o país aplicou R$ 26,7 bilhões em drenagem — cerca de R$ 8,9 bilhões por ano. Para universalizar o serviço até 2033, seriam necessários mais de R$ 22 bilhões anuais, segundo o Ministério das Cidades.
Outro ponto de alerta é o risco crescente. Quase metade dos municípios brasileiros enfrenta níveis alto ou muito alto de vulnerabilidade a eventos extremos até 2030. Com as mudanças climáticas tornando as chuvas mais intensas e imprevisíveis, investir em drenagem e adaptação climática deixou de ser opção: virou questão de urgência.
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