Por que os tatuís estão sumindo das praias brasileiras?

Entenda por que o desaparecimento destes pequenos crustáceos, também conhecidos como tatuzinhos-de-praia, é um mau sinal

Imagem do tatuí
Imagem do tatuíCréditos: Mariana Terossi/UFRGS
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A população dos chamados tatuís, pequenos crustáceos marinhos também conhecidos como "tatuzinhos-de-praia", está diminuindo na costa brasileira.

Pesquisadores da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio) e da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj), estão investigando as possíveis razões para o fenômeno.

O trabalho é centrado no Emerita brasiliensis, espécie mais frequente do litoral brasileiro, e tem como objeto a presença e o ciclo de vida dos tatuís em praias do Rio de Janeiro.

"A gente entende que está havendo um problema global sobre as espécies emeritas, que estão sendo severamente impactadas pelas transformações do Antropoceno [período da história atual, em que o ser humano produz modificações no planeta], explica a pesquisadora Rayane Abude, do Laboratório de Ecologia Marinha da Unirio, em entrevista à Agência Brasil.

Fontes, sumidouros e qualidade do mar

A hipótese desenvolvida pelos pesquisadores se baseia na premissa de que existem dois tipos de praia: as "fontes", onde novos indivíduos são gerados e depositados no mar, e os "sumidouros", que recebem os tatuís, mas não fornecem as condições adequadas para o seu crescimento e reprodução.

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"As fêmeas colocam ovos, esses ovos levam entre 10 e 19 dias em desenvolvimento. Depois, eles eclodem na água e liberam larvas. Essas larvas vão para o ambiente marinho, passam entre 2 e 4 meses se desenvolvendo, em diversos estágios larvais, até que eles retornam para a praia. Um ponto que ainda está em aberto na minha pesquisa é se elas chegam na mesma praia de origem ou em praias diferentes. Eu estou tentando encontrar essa resposta a partir de marcadores genéticos", aponta a pesquisadora.

Os tatuís também são afetados pela qualidade da água do mar. "Os canais de drenagem ou os rios que desembocam nas praias, que podem trazer uma série de contaminantes e poluentes, podem estar afetando diretamente esses organismos. A toxicidade foi bastante experimentada e testada para espécies de tatuí, não só brasileiros, e é um fator que provoca altos níveis de mortalidade nessas populações", alerta Rayane Abude.

Mau sinal

O desaparecimento desses animais pode afetar o ecossistema das praias, desfalcando a cadeia alimentar, e também é uma péssima sinalização.

"Eles podem ser considerados bioindicadores de qualidade porque são muito sensíveis a contaminantes. A sua presença é um sinal de boa qualidade do ambiente, mas quando o nível de poluentes é alto, eles estão ausentes", pontua Rayane Abude.

Com informações da Agência Brasil

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