A harpia (Harpia harpyja), também chamada de gavião-real, é a ave mais perigosa da América Latina.
A ave de rapina está no topo da cadeia alimentar e não tem predadores naturais. Sua visão é até oito vezes mais potente em comparação à dos humanos, e ela é uma caçadora nata — capaz de carregar no bico, em voo, um animal de mais de 10 kg.
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Ela se alimenta principalmente de mamíferos, como macacos e preguiças, mas também pode predar espécies de lagartos, serpentes e até outros pássaros.
Com hábitos solitários, essa ave é raramente avistada em seu habitat natural. No Brasil, a espécie ocorre sobretudo na Amazônia, mas costumava aparecer também em áreas no Paraná e no Rio Grande do Sul, além da região da Mata Atlântica.
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Cada vez menos vista devido à retração das áreas verdes, a harpia, que precisa de uma área de pelo menos 100 quilômetros quadrados para garantir recursos à sua sobrevivência, está em risco de extinção no mundo e na Mata Atlântica, em que o desmatamento recrudesce.
Por isso foi um achado tão relevante o de um espécime jovem de harpia, após 20 anos de seu último registro, na floresta tropical de Misiones, uma formação de Mata Atlântica no nordeste da Argentina, na extensão da selva paranaense.
Os cientistas responsáveis pelo registro, Manuel Encabo e Sergio Moya, fazem parte de um projeto dedicado à busca desses indivíduos — o Proyecto Aguilas Crestadas —, e tentavam há muito capturar novas imagens da harpia, maior ave de rapina das Américas, típicas das florestas tropicais e considerada um espécime muito raro.
No Brasil, o último registro de uma harpia havia sido feito no dia 7 de janeiro de 2024, após cinco anos sem registros no país. A imagem de uma harpia sul-americana foi capturada Parque Estadual do Turvo, no Rio Grande do Sul, e seu registro raro foi feito por acidente pelo guarda do parque, Carlos Neimar Kuhn; desde então, não houve mais ocorrências no território brasileiro.
Com o novo registro da harpia na região da Mata Atlântica argentina, após 20 anos sem avistar a espécie no país, os cientistas notaram que se tratava de um outro indivíduo da espécie, diferente daquele avistado no Brasil no ano passado.
A presença de um indivíduo de harpia ali sinaliza a saúde ambiental da região, notam os especialistas.
Manuel Encabo e Sergio Moya passaram duas décadas investigando áreas florestais e reservas florestais de províncias argentinas, em longas horas de observação de campo, esperando notar algum sinal da ave.
Mas isso só foi possível no final de julho de 2024, quando uma expedição profunda na área de reserva florestal de Yabotí, na província de Misiones, com mais de 240 mil hectares, permitiu vislumbrar uma harpia jovem em um galho de árvore — e, em seguida, voando para longe.
Veja o registro completo, feito por Segio Moya, em sua conta oficial no Instagram.