Maior ponte do mundo adota painéis de bambu contra tufões e corrosão

Projetada para durar mais de 100 anos, a estrutura monumental, avaliada em US$ 18,8 bilhões, combina três pontes estaiadas, um túnel subaquático e quatro ilhas artificiais

Créditos: Reprodução Youtube
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Com 55 quilômetros de extensão, a Ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau (HZMB) se destaca como o maior sistema de ponte e túnel marítimo do planeta. Projetada para durar mais de 100 anos, essa estrutura monumental, avaliada em US$ 18,8 bilhões, combina três pontes estaiadas, um túnel subaquático e quatro ilhas artificiais.

A construção foi pensada para enfrentar desafios extremos, como a intensa exposição solar, a corrosão da água do mar e os frequentes tufões que atingem a região.

A China, que registra em média sete ciclones tropicais por ano, com até 28 se formando nas proximidades, tem investido pesadamente em infraestruturas resilientes. Esses projetos não apenas garantem segurança, mas também impulsionam a economia, representando 6,7% do PIB nacional. A HZMB é um exemplo emblemático desse esforço, destacando-se não apenas por sua escala, mas também por soluções inovadoras, como o uso de painéis de bambu em suas ilhas artificiais.

Bambu, material do futuro

A China, maior produtor global de bambu, gerou mais de 4,22 bilhões de postes em 2022, com uma produção industrial que atingiu US$ 74,2 bilhões em 2023. Esse material sustentável e de rápido crescimento tem sido cada vez mais integrado em projetos de infraestrutura, como a HZMB, onde 20.000 metros quadrados de painéis de bambu foram utilizados. Desde sua inauguração em 2018, esses painéis têm resistido a condições adversas, comprovando a eficácia do bambu em aplicações de grande escala.

Além da construção, o bambu tem ganhado espaço em setores como móveis, tubulações e decorações, graças à sua resistência e versatilidade. A China, com mais de 6,67 milhões de hectares de florestas de bambu, tem liderado inovações no uso desse recurso, aumentando sua produção em sete vezes nos últimos 25 anos.

Inovação e sustentabilidade

Um dos desafios do bambu é sua propensão à deterioração devido aos nutrientes que aceleram seu crescimento. Para superar isso, pesquisadores como Lou Zhicao, da Universidade Florestal de Nanquim, desenvolveram um tratamento térmico que elimina esses nutrientes, preservando a integridade do material. Essa técnica reduz o tempo de processamento em mais de 50% e permite que o bambu resista a condições externas por pelo menos cinco anos sem necessidade de tratamentos antimofo.

“A nova técnica pirolítica reduz significativamente a temperatura e o tempo de tratamento, além de cortar o consumo de energia”, explica Lou. A equipe também criou um adesivo de baixa emissão, com níveis reduzidos de formaldeído e fenol, para minimizar impactos ambientais.

 

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