O aumento das temperaturas no Rio de Janeiro tem sido acompanhado por um crescimento preocupante no número de mortes associadas a doenças agravadas pelo calor.
Uma pesquisa realizada pela Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (Ensp/Fiocruz) aponta que o aumento das temperaturas no Rio de Janeiro está diretamente associado ao crescimento da taxa de mortalidade na cidade. O estudo revela que o calor extremo representa um risco significativo, especialmente para idosos e indivíduos com doenças preexistentes, como diabetes, hipertensão, Alzheimer, insuficiência renal e infecções do trato urinário.
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Os dados levantados mostram que, das 466 mil mortes naturais registradas entre 2012 e 2024, mais de 390 mil estavam relacionadas a 17 doenças selecionadas. Entre elas, 12 apresentaram um aumento significativo na mortalidade entre idosos durante períodos de calor intenso. O estudo também aponta que pessoas com condições preexistentes, como hipertensão, diabetes, insuficiência renal, Alzheimer e infecções urinárias, são particularmente vulneráveis.
Os números foram analisados com base na classificação de Níveis de Calor (NC) do Protocolo de Calor da Prefeitura do Rio de Janeiro, implementado em junho de 2023. De acordo com a pesquisa, o NC4, registrado pela primeira vez na última segunda-feira (17/2), está associado a um crescimento de 50% na mortalidade por doenças como hipertensão, diabetes e insuficiência renal entre idosos.
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O risco se agrava ainda mais no NC5, que ocorre quando o Índice de Calor ultrapassa os 44°C por pelo menos duas horas consecutivas. “No Nível 5, o aumento na mortalidade se intensifica conforme a exposição ao calor extremo se prolonga”, explicou João Henrique de Araújo Morais, doutorando responsável pelo estudo. Segundo ele, os resultados reforçam que os níveis definidos pelo protocolo indicam riscos reais à saúde da população.
A adoção do Protocolo de Calor ocorreu após a repercussão da morte de Ana Clara Benevides, jovem que faleceu em novembro de 2023 enquanto esperava pelo show da cantora Taylor Swift no estádio Nilton Santos, sob temperaturas elevadas. O estudo menciona o caso e destaca que, no dia seguinte à tragédia, a cidade registrou um recorde de 151 óbitos de idosos por causas relacionadas ao calor extremo.