Em 2024, as queimadas destruíram 2,6 milhões de hectares do Pantanal, correspondendo a 17% de toda a extensão do bioma, estimada em 15 milhões de hectares. A informação foi divulgada pelo Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais (Lasa), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Esse número é quase três vezes maior que os 900 mil hectares atingidos em 2023. Desde o início da série histórica do Lasa, em 2012, o ano de 2024 só ficou atrás de 2020, quando o fogo consumiu 3,6 milhões de hectares, o equivalente a 24% do bioma.
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Outros levantamentos reforçam o impacto do fogo em 2024. O MapBiomas calculou que 1,9 milhão de hectares foram queimados, enquanto o sistema BD Queimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), registrou 14.498 focos de incêndio – maior número desde 2020, quando foram contabilizados 22.116 focos.
O Lasa destacou que a combinação de seca extrema e altas temperaturas elevou o índice de perigo de fogo acumulado ao maior patamar desde 1980. Essa análise foi divulgada em outubro, quando o laboratório apontou os riscos intensificados pelas condições climáticas adversas.
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Seca histórica ameaça o futuro do bioma
Em 2024, o Brasil enfrentou a pior seca das últimas sete décadas, fator determinante para o aumento das queimadas. A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, alertou sobre o futuro do Pantanal. “Com baixa precipitação, alta evapotranspiração e rios sem atingir a cota necessária para inundação da planície, podemos perder a maior área alagada do planeta até o final do século”, afirmou em audiência no Senado, em setembro.
As perspectivas para 2025 não são animadoras. O governo federal já projeta novos desafios, incluindo o risco de outra seca severa na região, conforme discutido em uma reunião realizada em Brasília.
Atividade humana e regeneração comprometida
Embora fatores naturais sejam críticos, especialistas destacam a contribuição humana. Segundo Yanna Fernanda, secretária-executiva do Instituto Homem Pantaneiro (IHP), “o fogo depende de um gatilho para iniciar. Atividades humanas, como queimadas agrícolas ou descarte inadequado de lixo, podem sair do controle em condições de seca e ventos fortes.”
Yanna também ressaltou os prejuízos à regeneração do bioma causados por incêndios frequentes. “Incêndios sucessivos em curtos intervalos prejudicam a capacidade de recuperação da vegetação e resultam na perda de bancos de sementes e na morte de milhões de animais.”
Desde os grandes incêndios de 2020, medidas preventivas têm sido fortalecidas. Entre elas estão a formação de brigadas, campanhas de educação ambiental e uso de inteligência artificial para monitorar riscos em áreas críticas. Apesar desses esforços, o Pantanal segue em alerta.
“Ainda que o rio Paraguai esteja subindo, indicando algum alívio temporário, o cenário permanece preocupante. É essencial manter o monitoramento e as ações preventivas para evitar novas tragédias”, concluiu Yanna.