O Palácio do Planalto anunciou nesta terça-feira (21) a nomeação do embaixador André Corrêa do Lago como presidente da COP30, a Conferência do Clima da ONU, que será realizada em novembro deste ano, em Belém, no Pará. Experiente em negociações climáticas, o diplomata, que foi o negociador-chefe brasileiro na Rio+20, em 2012, assume agora o desafio de liderar a conferência em um momento crucial para o multilateralismo global.
Corrêa do Lago também atuou como embaixador na Índia (2019-2023) e no Japão (2013-2018), além de ocupar cargos em missões brasileiras na Europa e na América Latina, incluindo Bruxelas, Madri, Praga e Buenos Aires. Desde 2023, ele é secretário de clima, energia e meio ambiente no Itamaraty, acumulando vasta experiência em questões ambientais globais.
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Embora a escolha do diplomata fosse aguardada desde o final de 2024, a decisão demorou mais do que o esperado. O governo inicialmente pretendia definir o comando da COP30 antes da realização da COP29, realizada em novembro passado, em Baku, no Azerbaijão. No entanto, divergências internas atrasaram o processo. Agora, Corrêa do Lago terá a missão de acelerar o planejamento e a agenda de negociações da conferência.
Além de Corrêa do Lago, o governo confirmou Ana Toni, atual secretária nacional de mudanças climáticas do Ministério do Meio Ambiente, como diretora-executiva da COP30. Ela será responsável pela coordenação das atividades operacionais e pela gestão dos processos de negociação durante o evento.
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'Escolha certa'
A indicação foi celebrada por diversas organizações, como o Observatório do Clima (OC), que destacou as credenciais de Corrêa do Lago e Ana Toni, mas alertou para os desafios da conferência. Segundo o OC, a dupla precisará lidar com tensões geopolíticas e superar obstáculos internos para garantir o sucesso do evento.
O Instituto Clima e Sociedade (iCS) também elogiou a escolha, destacando a competência diplomática brasileira como um trunfo para avançar nas negociações climáticas. A organização acredita que o país pode desempenhar um papel fundamental no alinhamento de compromissos entre países desenvolvidos e em desenvolvimento, além de garantir metas de redução de emissões compatíveis com a ciência e enfrentar os impactos das mudanças climáticas em populações vulneráveis.
O Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM) celebrou a escolha com entusiasmo, ressaltando a capacidade do diplomata de mediar debates complexos e construir diálogos internacionais de alto nível. Já a Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura destacou o perfil de Corrêa do Lago, apontando sua ampla experiência na agenda climática e seu diálogo com a sociedade civil e o setor privado como diferenciais importantes para o sucesso da COP30.
Dilemas
Apesar das comemorações, a demora na definição do comando da conferência gerou críticas. O Observatório do Clima ressaltou que o atraso reflete possíveis desalinhos dentro do governo quanto à relevância do evento, diferente do entusiasmo demonstrado por Lula em 2022, quando se comprometeu a reposicionar o Brasil como líder nas discussões climáticas globais. Essa demora agora impõe maior urgência ao planejamento e à articulação internacional que precedem a conferência.