Trump assina ordem para saída dos EUA do Acordo de Paris

Essa é a segunda vez que o país deixará tratado global voltado para enfrentar os impactos da crise climática

O presidente dos EUA Donald Trump.Créditos: Divulgação/Casa Branca
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Nesta segunda-feira (20), Donald Trump oficializou a retirada dos Estados Unidos do Acordo de Paris. É a segunda vez que o país abandona o pacto climático. 

O anúncio foi feito em um evento em Washington, logo após sua cerimônia de posse onde, diante de uma plateia de apoiadores, o mandatário assinou uma ordem executiva criticando o que chamou de "acordo injusto e unilateral".

A formalização da saída, comunicada às Nações Unidas, inicia um processo que deve levar cerca de um ano para ser concluído. Com essa decisão, os EUA se juntam a países como Irã, Líbia e Iêmen como as poucas nações fora do principal tratado global voltado para conter os impactos das mudanças climáticas. A medida é um contraste direto com a postura de Joe Biden, que havia reintegrado os EUA ao acordo em 2021.

Desregulamentação ambiental 

Trump também anunciou uma série de ações para reverter políticas ambientais da administração anterior. A promessa é expandir ainda mais a produção de combustíveis fósseis. Entre os ataques aos esforços para transição energética limpa, ele classificou como "um golpe verde", defendendo a remoção de limites à exploração de petróleo e gás.

A indústria de petróleo e gás, que já atinge produção recorde, foi um dos principais financiadores de sua campanha, com doações que ultrapassaram US$ 75 milhões.

Segundo estimativas, o retorno de Trump ao poder e suas políticas pró-combustíveis fósseis podem adicionar cerca de 4 bilhões de toneladas de emissões de carbono aos níveis norte-americanos até 2030

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Críticos como Gina McCarthy, ex-administradora da Agência de Proteção Ambiental (EPA) durante o governo Obama, acusam Trump de abdicar da responsabilidade internacional dos EUA. Segundo McCarthy, a saída prejudica os esforços globais de combate às mudanças climáticas e deixa o mundo mais vulnerável a desastres ambientais.

Durante o primeiro mandato de Trump, a saída do acordo teve impacto limitado devido às regulamentações da ONU que atrasaram sua implementação. Desta vez, a retirada pode ocorrer de forma mais rápida, já que os EUA não estão mais vinculados ao compromisso inicial de três anos do pacto.

Enquanto isso, especialistas destacam o avanço das políticas climáticas locais e estaduais. Apesar da postura federal, cidades e estados norte-americanos continuam investindo em energias renováveis, impulsionados pela queda nos custos da energia solar e eólica. 

Harjeet Singh, diretor da Satat Sampada Climate Foundation, alertou ao The Guardian que as decisões como essa afetam desproporcionalmente países em desenvolvimento, que sofrem as consequências mais graves de eventos climáticos extremos, como enchentes, secas e elevação do nível do mar.

O impacto dessas políticas será debatido na próxima cúpula climática da ONU (COP30), prevista para novembro de 2025 no Brasil. O encontro é considerado crucial para definir medidas globais capazes de limitar o aquecimento do planeta a 1,5 °C acima dos níveis pré-industriais.

Enquanto isso, Trump segue utilizando desastres climáticos para reforçar sua retórica política. Após os recentes incêndios devastadores em Los Angeles, que causaram dezenas de mortes e prejuízos bilionários, o ex-presidente minimizou a gravidade da crise e responsabilizou adversários políticos.

Você pode ler a ordem executiva aqui 

 

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