2024 foi o ano mais quente da história do Brasil dos últimos 63 anos

Em todo o mundo, temperaturas alcançam níveis recordes; secretário-geral da ONU fala em "década de calor mortal"

Termômetro marca 46°C no Rio de Janeiro.Créditos: Tomaz Silva/Agência Brasil
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O ano de 2024 foi o mais quente da história do Brasil desde 1961, chegando a superar 2023, que havia sido o ano com a temperatura média mais alta registrada. No ano passado, a média das temperaturas ficou em 25,02°C, sendo  0,79°C acima da média histórica de 1991/2020, que é de 24,23°C. Em 2023, a média registrada foi de 24,92°C.

As informações foram divulgadas pelo Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) nesta quinta-feira (2). O órgão cruzou dados de 1961 a 2024 e demonstrou a tendência de aumento estatisticamente significativo das temperaturas ao longo dos anos, que está relacionada "à mudança no clima em decorrência da elevação da temperatura global e mudanças ambientais locais", alerta o instituto.

A cada ano, as temperaturas médias não só no Brasil mas em diversas partes do planeta alcançam cada vez mais recordes históricos e níveis extremos devido ao aquecimento global e à crise climática. Esse avanço acelerado preocupa autoridades de todo o mundo, uma vez que significa uma ameaça à vida na Terra.

Em novembro de 2024, por exemplo, a temperatura média global chegou a ficar 1,54°C acima da média histórica de 1850/1900.

"Com este valor, o ano de 2024 tende a superar a temperatura média global de 2023, ano mais quente até então. Por 16 meses consecutivos (junho de 2023 a setembro de 2024), a temperatura média global provavelmente excedeu qualquer registro anterior, de acordo com a análise consolidada dos conjuntos de dados da OMM", afirma o Inmet. 

Década de calor mortal

Nesta segunda-feira (30), às vésperas de 2025, o  secretário-geral da Organização das Nações Unidas,  António Guterres, fez uma declaração para falar sobre os perigos presentes e futuras da crise climática e do aquecimento global acelerado. Ele afirmou que já vivemos uma "década de calor mortal" e que o colapso climática já ocorre em "tempo real".

“Ao longo de 2024, foi difícil encontrar esperança. As guerras causaram enorme dor, sofrimento e deslocamento de pessoas. Desigualdades e divisões são imensas — alimentam tensões e desconfiança. E hoje posso relatar oficialmente que acabamos de enfrentar uma década de calor mortal. Os dez anos mais quentes já registrados na história foram os dez últimos, incluindo 2024. É o colapso climático em tempo real”, disse Guterrez.

Para 2025, ele alertou que preciso que o países coloquem "o mundo num caminho mais seguro, cortando drasticamente as emissões de gases que agravam o efeito estufa e apoiando a transição para um futuro renovável". É essencial e é possível”, completou o secretário.

Apenas dois anos para nos salvar de crise climática ainda pior

Em abril do ano passado, O secretário-executivo da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, Simon Stiell, alertou que a humanidade tinha apenas dois anos para salvar o planeta ou seja, se salvar também - em discurso durante reunião nesta quarta-feira (10) direcionada a políticos e à falta de ações efetivas de combate à emissão de gases poluentes. 

"Ainda temos uma chance de fazer com que as emissões de gases do efeito estufa caiam, com uma nova geração de planos climáticos nacionais. Mas precisamos desses planos mais fortes, agora", disse Stiell em evento no think-tank Chatham House, em Londres, em que ressaltou que os próximos dois anos são "essenciais para salvar nosso planeta".

Para além de "salvar o planeta", o alerta da ONU serve para que a humanidade salve a si mesma. Os fenômenos ambientais extremos, provocados pela crise climática, afetam, na prática, as populações, principalmente as mais vulneráveis.  

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