ALERTA

Temos apenas dois anos para nos salvar de crise climática ainda pior, alerta ONU

Anúncio foi feito pelo chefe do clima da organização, Simon Stiell, que cobrou medidas urgentes de combate à emissão de gases poluentes por parte de governos e empresas

Reduzir emissão de gases poluentes é urgente para frear crise climática.Créditos: Mídia Ninja
Escrito en MEIO AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE el

O secretário-executivo da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, Simon Stiell, alertou que a humanidade tem apenas dois anos para salvar o planeta - ou seja, se salvar também - em discurso durante reunião nesta quarta-feira (10) direcionada a políticos e à falta de ações efetivas de combate à emissão de gases poluentes

"Ainda temos uma chance de fazer com que as emissões de gases do efeito estufa caiam, com uma nova geração de planos climáticos nacionais. Mas precisamos desses planos mais fortes, agora", disse Stiell em evento no think-tank Chatham House, em Londres, em que ressaltou que os próximos dois anos são "essenciais para salvar nosso planeta".

Para além de "salvar o planeta", o alerta da ONU serve para que a humanidade salve a si mesma. Os fenômenos ambientais extremos, provocados pela crise climática, afetam, na prática, as populações, principalmente as mais vulneráveis.  

No entanto, o cenário que deveria ser de diminuição de emissão dos gases do efeito estufa, que causam as mudanças climáticas, é exatamente o contrário. De acordo com estudos científicos, o mundo deveria reduzir pela metade essas emissões até 2030 para impedir um aumento de mais de 1,5ºC nas temperaturas globais em relação aos níveis pré-industriais.

A realidade, porém, foi outra: as emissões mundiais de CO2 relacionadas à energia aumentaram para um nível recorde no ano passado. 

Stiell ainda reforçou a importância de angariação de mais financiamento climático, sendo mais barato para países mais pobres, de novas fontes de financiamento internacional e de reformas no Banco Mundial e no Fundo Monetário Internacional.

“Todos os dias, os ministros das finanças, os CEOs, os investidores e os banqueiros climáticos e de desenvolvimento direcionam triliões de dólares. É hora de transferir esses dólares”, disse o secretário-executivo.

O secretário-executivo ainda declarou que gostaria de ver as próximas reuniões da Conferência das Partes (COP) reduzidas em tamanho e que ao mesmo tempo priorizasse resultados fortes de negociação, já que seu aumento, nos anos anteriores, se deu pela maior participação de lobistas e representantes empresariais, que impedem negociações efetivas para estabelecer um plano real de combate à crise climática. Sobre isso, Stiell disse que está conversando com o Azerbaijão, que vai sediar a COP29, e com o Brasil, que vai sediar a COP30. 

Na COP28, do ano passado, foram mais de 2 mil lobistas do setor dos combustíveis fósseis registrados, o que foi alvo de críticas por parte de ativistas ambientais. Outro ponto de crítica dos grupos foi a realização do evento nos Emirados Árabes, um dos maiores produtores de petróleo do mundo. O chefe da COP era também chefe de da empresa petrolífera estatal dos EAU, a Abu Dhabi National Oil Company (Adnoc).