Um novo estudo conduzido por pesquisadores das universidades federais da Paraíba (UFPB), de Mato Grosso (UFMT), da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), em parceria com outras instituições, publicado na revista científica “Journal of Applied Ecology”, alerta para a grave ameaça que o colapso climático representa para os anfíbios do Pantanal e da Bacia do Alto Paraguai.
Até o final do século, mais de 80% dessas espécies podem perder seus habitats, especialmente as semiaquáticas, que podem desaparecer de toda a região. A rede de áreas protegidas (APs) cobre apenas 6% da área e não é suficiente para proteger esses animais, o que torna a situação ainda mais crítica, segundo a pesquisa. Menos de 5% das áreas habitadas por anfíbios seguem sob proteção ambiental, a maioria são Terras Indígenas (TI).
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O estudo também revelou que somente 12% das áreas de proteção estão em locais com grande diversidade, conforme relatado por Matheus Oliveira Neves, primeiro autor do estudo: “As demais áreas foram estabelecidas há muito tempo, quando ainda não havia estudos suficientes, sendo escolhidas por sua beleza ou ancestralidade. Não levaram em consideração as espécies que estavam protegendo”, explicou.
As estimativas foram alcançadas com base nos registros de ocorrência de espécies de anfíbios da Bacia do Alto Paraguai, integrando dados climáticos, topográficos, modelos de distribuição de espécies e informações de 73 unidades de conservação da região. O estudo buscou avaliar a eficácia das áreas protegidas atuais em abrigar a biodiversidade, além de empregar ferramentas de planejamento de conservação, como um algoritmo de busca inteligente, para identificar áreas prioritárias para expansão e maior proteção da fauna semiaquática.
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Há uma necessidade urgente de ampliar as áreas de conservação no Pantanal, e as regiões prioritárias, segundo o estudo, seriam as porções norte e oeste, principalmente nas áreas de altitude nas transições com o Cerrado brasileiro, e ao sul, nas proximidades do Chaco paraguaio. A ampliação das áreas protegidas é uma das metas do Quadro Global de Biodiversidade Pós-2020, estipulado pela Convenção sobre Diversidade Biológica, do qual o Brasil é parte.
O autor sênior, Mario R. Moura, observa:
“É a Meta 30×30, que propõe expandir as APs de 17% para 30% das superfícies de terra, mar e águas interiores até 2030. Se concretizada, poderia garantir a proteção de quase 50% da área de ocorrência dos anfíbios no Pantanal, um avanço 10 vezes maior do que a proteção proporcionada pela rede atual de áreas protegidas”
De acordo com um estudo realizado pelo Instituto Nacional de Pesquisa do Pantanal (INPP) em novembro de 2023, a presença de anfíbios no Pantanal está sendo alterada devido a uma complexa relação entre o fogo, o desmatamento e os tipos de cobertura do solo. A pesquisa indicou que, ao queimar mais de 20% de uma área, a quantidade de anfíbios sofre uma queda drástica, e as áreas úmidas ajudam no aumento da abundância das espécies.
Algumas espécies, como a Pseudis plantensis, migram para áreas com água, enquanto outras, como Chiasmocleis albopunctata e Scinax acuminatus, buscam abrigo em cupinzeiros ou tocas já existentes. Anfíbios como sapos, rãs e pererecas desempenham funções cruciais no meio ambiente e para a sobrevivência da espécie humana. Eles ajudam no controle de vetores responsáveis por doenças como dengue, chikungunya, malária e febre amarela, além de reduzir pragas agrícolas ao se alimentarem delas.
*Com informações de Agência Bori