CRISE CLIMÁTICA

Calor extremo prejudica saúde de mais de 30 milhões de crianças brasileiras, alerta Unicef

Órgão da ONU destaca que estresse climático aumenta risco de desnutrição infantil e doenças relacionadas ao calor

Crianças se refrescam no calor do Rio de Janeiro.Créditos: Fernando Frazão/Agência Brasil
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No Brasil, 33 milhões de crianças estão sob ameaça à saúde e ao desenvolvimento devido ao calor extremo provocado pela crise climática, alerta o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), em estudo divulgado nesta segunda-feira (23). 

De acordo com o órgão da ONU, as crianças brasileiras enfrentam atualmente cinco vezes mais dias de calor extremo em comparação às crianças de 50 anos atrás. A pesquisa utilizou dados das décadas de 1970 e 2020, que mostraram que a média de dias com temperaturas acima de 35°C passou de 4,9 para 26,6.

O estudo também chama atenção para a frequência das ondas de calor, que são períodos de três dias ou mais com temperaturas 10% acima da média local. Nesse caso, 31,5 milhões das crianças do país enfrentam duas vezes mais ondas de calor do que seus avós.

A Unicef alerta que são as crianças e os adolescentes os que sentem, por mais tempo e com maior intensidade, os impactos de ondas de calor, enchentes, secas, fumaças e outros eventos climáticos extremos. O estresse térmico no corpo, causado pela exposição ao calor extremo, ameaça a saúde e o bem-estar de crianças e mulheres grávidas. 

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O órgão explica que níveis excessivos de estresse térmico também contribuem para a desnutrição infantil, doenças não transmissíveis, como as relacionadas ao calor, e tornam as crianças mais vulneráveis a doenças infecciosas que se espalham em altas temperaturas, como malária e dengue

“Os perigos relacionados ao clima para a saúde infantil são multiplicados pela maneira como afetam a segurança alimentar e hídrica, a exposição à contaminação do ar, do solo e da água, e a infraestrutura, pois interrompem os serviços para crianças, incluindo educação, e impulsionam deslocamentos", explica Danilo Moura, especialista em mudanças climáticas do Unicef no Brasil.

Moura ainda ressalta que esses impactos são mais graves a depender das vulnerabilidades e desigualdades enfrentadas pelas crianças, de acordo com sua situação socioeconômica, gênero, raça, estado de saúde e local em que vivem.

O Unicef ainda destaca que o país está em ano de eleições municipais e pediu que candidatos e candidatas às prefeituras se comprometam a preparar as cidades para enfrentar e lidar com as mudanças climáticas, com foco especial nas necessidades e vulnerabilidades das crianças.

“Isso inclui implementar ações para enfrentar as mudanças climáticas e adaptar serviços públicos, infraestrutura e comunidades para resistirem a seus efeitos, inclusive a eventos climáticos extremos, priorizando as necessidades e vulnerabilidades específicas de meninas e meninos. Uma ação importante é incorporar o Protocolo Nacional para Proteção Integral de Crianças e Adolescentes em Situação de Desastres aos planos do município”, diz Moura.

Propostas aos candidatos

O tema é uma das cinco prioridades propostas pelo Unicef na agenda Cidade de Direitos - Cinco prioridades para crianças e adolescentes nas Eleições 2024, voltada a candidatos e candidatas de todo o país. 

O órgão ainda pede que os candidatas e candidatos se comprometam com o enfrentamento à violência contra crianças e adolescentes, educação, saúde e nutrição, e que priorizem as necessidades das crianças e dos adolescentes mais vulneráveis ao planejar e orçar políticas públicas de garantia de direitos – ajudando a promover essa e as outras prioridades sugeridas.

*Com informações de Unicef Brasil.

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