MUDANÇAS CLIMÁTICAS

Mudanças climáticas: Brasil teve 12 eventos extremos em 2023

Relatório destaca que nível do mar continua subindo a uma taxa superior à média global, ameaçando áreas costeiras na América Latina e no Caribe

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Tamara Reche Marzzaro/Prefeitura de Nova Bassano

Segundo relatório da Organização Meteorológica Mundial (OMM) divulgado nesta quarta-feira (8), as mudanças climáticas induzidas pela atividade humana, combinadas ao El Niño, provocaram 12 eventos extremos no Brasil. Nove deles foram considerados incomuns e dois classificados como "sem precedentes".

A entidade registrou cinco ondas de calor, três chuvas intensas, uma onda de frio, uma inundação, uma seca e um ciclone extratropical no país.

Um dos eventos qualificados como sem precedentes, registrado em 2023, foi um ciclone extratropical no Rio Grande do Sul, que provocou forte chuvas e rajadas de vento. À época, a Defesa Civil contabilizou 46 mortes, 46 desaparecidos e 340 mil pessoas afetadas. No estado, 92 municípios declararam estado de calamidade pública, número quatro vezes menor do que o da tragédia atual.

Outro evento considerado sem precedentes pela agência foi a onda de calor que atingiu a Amazônia em julho de 2023, que causou uma das piores secas da história da região. Em outubro, o nível do Rio Negro havia caído para 12,70 m em função da seca, o mais baixo já registrado desde o início das medições em 1902.

A contribuição do negacionismo climático

Em entrevista ao Congresso em Foco, o climatologista Carlos Nobre apontou que os eventos extremos serão cada vez mais frequentes no Brasil e o negacionismo climático acaba agravando ainda mais situações já dramáticas.

“Não podemos aceitar mais o negacionismo climático. A população brasileira é muito pouco negacionista, mas quando a gente vai na classe política aumenta muito. O nível de políticos que não querem aprovar orçamentos que vão nessas medidas de aumentar muito a resiliência dos brasileiros com relação aos extremos climáticos é alto. Então, nós temos realmente muito a mudar essa postura política”, disse.

Para ele, é preciso que o poder público esteja preparado para eventos desse porte. “Em setembro do ano passado, tinha batido o recorde de chuva na bacia do Rio Taquari, no Rio Grande do Sul. E agora bateu o recorde de chuvas em todo o estado”, ressalta. “Todo mundo tem que se preparar muito para esses eventos extremos. O Rio Grande do Sul devia estar muito preparado que aquele tipo de evento ia acontecer de novo e aconteceu muito rápido, oito meses depois.”

O relatório da OMM sobre o Estado do Clima na América Latina e no Caribe também aponta que 2023 foi o ano mais quente registrado. A agência destaca que o nível do mar continuou subindo a uma taxa superior à média global na parte atlântica da região, ameaçando áreas costeiras.