Com os resultados catastróficos — que têm se aprofundado — das mudanças climáticas, cada vez mais (e mais inovadoras) tecnologias de geoengenharia têm sido empregadas para resolver, de formas mirabolantes e super tecnológicas, os efeitos colaterais de processos acelerados pela ação antrópica.
Um projeto canadense, por exemplo, tenta "recongelar" o ártico com uma tecnologia de bombeamento de água; e iniciativas já estudadas pela União Europeia envolvem desde a "reflexão" de raios solares usando espelhos, para diminuir a temperatura da Terra, até tecnologias de descarbonização que envolvem "fertilizar os oceanos".
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Uma nova pesquisa indica, agora, que lançar cerca de 5,5 milhões de toneladas anuais de pó de diamante na estratosfera poderia ajudar no resfriamento do planeta, com a diminuição de até 1°C todos os anos, graças às suas "propriedades reflexivas".
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A reflexão do pó de diamante reduziria a quantidade de calor que atinge a Terra, de acordo com o estudo acerca da "eficácia da modulação da radiação solar por meio da injeção de partículas sólidas estratosféricas", de autoria principal de Sandro Vattioni, pesquisador do instituto de física atmosférica experimental do Instituto Federal Suíço de Tecnologia de Zurique.
Geralmente, a geoengenharia da "reflexividade" do calor do sol está centrada em partículas de "aerossol estratosférico" (SAI), que injetariam dióxido de enxofre na estratosfera para ser convertido em ácido sulfúrico condensado e então formar aerossóis de sulfato capazes de refletir a luz solar de volta ao espaço, afirma o estudo.
Mas isso tem seus efeitos adversos.
Ainda que sejam capazes de refletir a luz solar, evitando o aquecimento da Terra, as partículas aerossóis absorvem essa energia — o calor solar — e podem causar um aquecimento elevado na estratosfera, ativando correntes de vento e causando perturbações que podem, então, espalhar-se pela camada mais próxima da superfície da terra, na atmosfera baixa (a troposfera).
O papel do diamante
Nesse ponto, o "pó de diamante" teria um papel fundamental, porque não causariam o aquecimento estratosférico e nem as perturbações das demais partículas aerossóis. Por sua alta reflexividade, ele não se aglomera e, portanto, não absorve o calor.
Para conseguir o efeito reflexivo e anti aquecimento do pó de diamante, seria preciso enviar aeronaves — às centenas — para voar ao redor da Terra e "dispersar" as partículas, em volume considerável, a fim de desencadear resfriamento suficiente para combater os efeitos do sol, indica o estudo.
Custos
Esse empreendimento elaborado seria, é claro, muito caro, mas o pesquisador Vattioni disse à revista Live Science que não considerou, no estudo, o dispêndio financeiro ou a extração do pó de diamante, mas apenas seus efeitos práticos na redução do aquecimento global — especialmente se comparado a outras partículas usualmente utilizadas, como alumínio e calcita.
A quantidade estimada de pó de diamante necessário para esse projeto seria de 5,5 toneladas por ano, e o gasto pode ser de até US$ 175 trilhões ao longo de 65 anos.
Suas consequências, além disso, são imprevisíveis.