Uma expedição científica inédita à Antártida está sendo liderada por pesquisadores brasileiros para estudos sobre os impactos das mudanças climáticas no continente gelado. Ao todo, são 61 cientistas de diversos países, sendo 8 do Centro Polar e Climático da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), que comandam a excursão.
O objetivo da expedição é percorrer 20 mil quilômetros ao longo da costa do continente gelado e se aproximar ao máximo das geleiras para analisar fatores que contribuem para mudanças ambientais. A investigação consiste na coleta de dados biológicos, químicos, físicos e atmosféricos, além de um levantamento inédito aéreo das massas de gelo.
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A experiência partiu para a Antártida na última sexta-feira (22) e deve retornar apenas em 25 de janeiro de 2025, após completar 60 dias de navegação pelo continente. No grupo, composto por cientistas de sete países (Brasil, Argentina, Chile, China, Índia, Peru e Rússia), 27 pesquisadores são brasileiros oriundos de seis instituições de ensino superior (Furg; UFMG; UnB; UFPE; USP e UFRGS).
A equipe que lidera a expedição é formada pelos glaciólogos Filipe Gaudie Ley Lindau, Isaiah Ullmann Thoen, Jefferson Cardia Simões e Ronaldo Torma Bernard, pelos climatólogos Francisco Eliseu Aquino e Venisse Schossler, pelo técnico em logística e mecânica Luiz Fernando Reis e pelo fotógrafo Marcelo Villarinho Curia.
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“Vamos realizar a geofísica de diversas calotas e coletar amostras de neve e gelo, essenciais para entendermos o que está acontecendo”, afirma Francisco Aquino. Essa é a primeira vez que cientistas irão realizar medições simultâneas de várias calotas, que permitirão um panorama abrangente das mudanças climáticas na região.
Aquino acrescenta que pesquisar sobre a redução do gelo marinho pode ter consequências devastadoras para a vida nos oceanos. “Precisamos urgentemente de dados para entender essas mudanças e suas implicações”, diz.
Três grandes áreas
O foco da pesquisa se dará sobre três grandes áreas: o monitoramento das calotas, a análise do clima e a investigação dos microplásticos. O último tópico é uma preocupação recente que vem sendo alvo de diversos estudos, uma vez que os microplásticos já estão presentes até no organismo humano.
“Queremos entender como esses microplásticos estão sendo transportados e depositados não só nas águas, mas também nas geleiras”, explica Aquino.
A excursão vai permitir pesquisas inéditas sobre os desafios impostos pela crise climática e o papel essencial do continente gelado para o equilíbrio climático do planeta. Além disso, destaca o protagonismo científico do Brasil na produção desses estudos.
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