LESBOFOBIA

Dia da Visibilidade Lésbica: entre a celebração e a violência

Data chama atenção para os alarmantes índices de violência contra mulheres lésbicas no Brasil; Conheça a origem

Mais de 5 mil mulheres lésbicas sofreram violações de direitos em 2023..Créditos: Projeto de estoque RDNE/ Pexels
Escrito en LGBTQIAP+ el

Comemorado desde 1996 em 29 de agosto, o Dia da Visibilidade Lésbica é dedicado não só à celebração do amor entre mulheres, mas também ao combate à violência contra lésbicas no Brasil. Segundo dados do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, mais de 5 mil mulheres lésbicas sofreram violações de direitos em 2023.

Confira a seguir mais informações sobre a data.

Surgimento da data

Devido à enorme violência que as lésbicas têm de lidar em seus cotidianos, a data foi definida por conta da realização, sem maiores incidentes, da primeira edição do Seminário Nacional de Lésbicas (Senale), em dia 29 de agosto de 1996.

Nos dias que antecederam o evento, a ativista Marise Fernandes pediu à imprensa que não divulgasse o nome do hotel onde o seminário aconteceria para evitar eventuais ataques. É o que conta a autora Núbia Carla, na pesquisa "A lesbianidade como resistência: a trajetória dos movimentos de lésbicas no Brasil – 1979-2001".

O evento foi realizado pelo Coletivo de Lésbicas do Rio de Janeiro (Colerj) e contou com duas mulheres negras na liderança, Elizabeth Calvet e Neusa das Dores. As atividades giraram em torno de estratégias de organização, luta por maior visibilidade do movimento e melhoria no acesso à saúde, como campanhas sobre os impactos do HIV entre mulheres homoafetivas.  

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Dados da violência

O Brasil é o país que mais mata pessoas LGBTQIAP+ no mundo. Segundo dados do 1° Lesbocenso Nacional, referentes aos anos de 2021 e 2022, 79% mulheres lésbicas já sofreram lesbofobia; 7% tiveram uma conhecida que sofreu violência por ser lésbica/sapatão e 6% conheceu uma mulher que morreu por ser lésbica.

O mapeamento é inédito e tem sua importância “por buscar atuar em sintonia e articulação colaborativa para a sistematização de informações sobre os corpos, as práticas e as experiências dessa população no país”.

Para sua produção, um questionário foi respondido por 19.455 pessoas, onde a maioria se autoidentificou como lésbica (51.36%).

Já de acordo com dados do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, obtidos através do Disque 100, apenas nos primeiros oito meses de 2023 houve 5.036 violações contra pessoas lésbicas no Brasil.

Um problema apontado pelo MDHC é que até 2022 não havia distinção entre gays e lésbicas, apenas a opção “homossexual” e por isso não é possível fazer uma comparação. Outros dados também indicam os índices de violência contra a comunidade LGBTQIAP+ no geral.

O Observatório de Mortes e Violências contra LBGTI+ no Brasil informa que houve, em 2022, a ocorrência de 273 mortes dessas pessoas de forma violenta no país. Do total, 228 (83,52%) foram assassinatos, 30 (10,99%) suicídios e 15 (5,49%) correspondem a mortes por outras causas.