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A histórica cidade de barro que encanta arqueólogos e turistas na América Latina

Hoje um labirinto de ruínas pré-colombianas, cidade já abrigou mais de 50 mil pessoas e é maior que Fernando de Noronha

Escrito em História el
Jornalista formado pela Escola de Jornalismo da Énois e cientista social pela USP. Já publicou em veículos como The Guardian, The Intercept, Hypeness, UOL e Carta.
A histórica cidade de barro que encanta arqueólogos e turistas na América Latina
Ruínas de Chan Chan. UNESCO

No norte do Peru, entre o oceano Pacífico e as áridas planícies do deserto, encontra-se Chan Chan, a maior cidade de barro da América pré-colombiana.

Construída pelo povo Chimú por volta do ano 850 d.C., essa impressionante metrópole de adobe foi o coração de um império que dominou a região antes da ascensão dos incas.

Desde 1998, suas ruínas são um Patrimônio Mundial da UNESCO e um tesouro arqueológico que revela segredos de uma civilização esquecida.

Chan Chan, que em idioma chimú significa "Sol Sol", foi a capital do Reino Chimú e abrigou cerca de 50 mil pessoas em seu auge. Estendendo-se por 20 quilômetros quadrados (equivalente a 45 vaticanos ou uma Fernando de Noronha), a cidade era um labirinto de palácios, templos, praças e canais, tudo construído com tijolos de barro misturados com conchas moídas.

Ruínas de Chan Chan

Os chimús eram mestres da engenharia hidráulica, criando um sistema de irrigação que transformou o deserto em terras férteis. Sua arte, influenciada por culturas anteriores como a Moche, incluía cerâmicas detalhadas, ourivesaria em ouro e prata, e murais com motivos marinhos, refletindo sua devoção ao deus Ni, associado ao mar.

A cidade era composta por 10 cidadelas muradas, cada uma servindo como centro administrativo e residencial para um governante diferente. A mais impressionante, Palácio Nik An, ainda exibe altos relevos de peixes, pelicanos e figuras geométricas, símbolos de fertilidade e poder.

Acredita-se que, quando um rei morria, seu palácio era selado e um novo governante construía sua própria cidadela. Essa tradição revela uma sociedade profundamente hierárquica, onde o culto aos ancestrais era essencial.

No século XV, os incas, liderados por Tupac Yupanqui, conquistaram o reino Chimú, marcando o fim de Chan Chan como capital.

Com a chegada dos espanhóis no século XVI, a cidade foi saqueada em busca de tesouros de ouro, e suas estruturas começaram a se deteriorar sob o clima desértico e sob o desconhecimento do colonialismo no Peru, um dos locais em que a invasão europeia se deu de maneira mais brutal.

Hoje, o vento e as chuvas de El Niño ameaçam as frágeis estruturas de barro, mas projetos de conservação tentam preservar esse legado. Visitantes podem explorar o Museu de Sítio e caminhar pelas praças cerimoniais, imaginando como era a vida na maior cidade de barro das Américas.

Conheça um pouco mais de Chan Chan:

 

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