A indignação de jovens universitários dos EUA com a guerra entre Israel e o Hamas tem dominado a conversa política do país, que se prepara para eleições presidenciais em novembro de deste ano, ao longo de semanas.
LEIA TAMBÉM: Estudantes massacrados: onde está a liberdade nos EUA?
Te podría interesar
Legisladores democratas e republicanos têm feito visitas à Universidade de Columbia e outros campi para oferecer apoio às manifestações em solidariedade a Gaza ou para denunciá-las, e o presidente Joe Biden abordou os tumultos em comentários na última quinta-feira (2).
Embora os jovens eleitores estadunidenses demonstrem uma crescente simpatia pelos palestinos no conflito com Israel, esta questão não figura entre as principais preocupações para eles nas eleições de 2024, revelam pesquisas recentes.
Te podría interesar
Enquanto algumas manchetes focam no conflito Israel-Hamas, a maioria dos jovens eleitores prioriza questões econômicas acima de conflitos internacionais nas urnas.
Além disso, a falta de entusiasmo dos jovens pelo presidente Biden não parece estar significativamente ligada ao apoio dos EUA às ações de Israel em Gaza.
Pequena mudança pró-Palestina
As simpatias dos estadunidenses no conflito israelense-palestino têm se deslocado modestamente em favor dos palestinos na última década. Embora 51% da população dos EUA ainda simpatizem mais com os israelenses, agora 27% simpatizam mais com o povo palestino, um aumento em relação aos 12% em 2013, segundo a Gallup.
Essa mudança é substancialmente geracional, refletindo não apenas mudanças no próprio conflito e uma virada à direita na política israelense, mas também uma década em que ativistas pró-palestinos trabalharam para conectar a causa a movimentos domésticos nos Estados Unidos, como o Black Lives Matter, e campanhas para desinvestir em Israel ganharam terreno em campi universitários.
A pesquisa mais recente do Pew Research Center revela que jovens de 18 a 29 anos são três vezes mais propensos a simpatizar com os palestinos no conflito do que aqueles acima de 65 anos, e duas vezes mais do que os adultos em geral.
Essa mudança é substancialmente geracional e reflete não apenas mudanças no próprio conflito e uma virada à direita na política israelense, mas também uma década em que ativistas pró-palestinos trabalharam para conectar a causa a movimentos domésticos nos Estados Unidos, como o Black Lives Matter, e campanhas para desinvestir em Israel ganharam terreno em campi universitários.
A pesquisa mais recente do Pew Research Center revela que jovens de 18 a 29 anos são três vezes mais propensos a simpatizar com os palestinos no conflito do que aqueles acima de 65 anos, e duas vezes mais do que os adultos em geral.
A diretora associada de pesquisa global da Pew, Laura Silver, comentou sobre esse levantamento com o The New York Times (NYT).
“As pesquisas recentes sugerem que essas simpatias ainda não se traduziram em priorizar a guerra como uma questão de votação em 2024. Mas os jovens de 18 a 29 anos são muito diferentes dos americanos mais velhos.”
Pouco efeito nas urnas
Na pesquisa da Harvard Institute of Politics Youth Poll, realizada pouco antes da onda de manifestações e repressões em campi no último mês, jovens dos EUA de 18 a 29 anos criticaram majoritariamente Biden por sua gestão do conflito em Gaza, com 76% desaprovando e 18% aprovando.
No entanto, apenas 2% deles classificaram isso como sua principal preocupação na eleição, em comparação com 27% que disseram estar mais preocupados com questões econômicas.
Em uma pesquisa do Economist/YouGov realizada mais recentemente, no final de abril, 22% dos eleitores de 18 a 29 anos listaram a inflação como sua questão mais importante. Dois por cento nomearam a política externa como sua principal preocupação. (A pesquisa não perguntou especificamente sobre o conflito israelense-palestino.)
Outras pautas importam
Um organizador de campanha de desinvestimento em Israel na Universidade da Flórida, Cameron Driggers, que também é integrante do conselho juvenil do Partido Democrata do estado, notou em conversa com o NYT que Biden precisará não apenas de votos, mas também de organizadores jovens para vencer em 2024, incluindo muitos que se tornaram ativos na política de protesto em torno de Gaza.
A campanha de Biden, por meio da porta-voz Mia Ehrenberg, destacou investimentos em organizadores de campus e grupos jovens, e a intenção de "continuar a aparecer e se comunicar com os jovens eleitores sobre as questões que eles se preocupam", incluindo mudanças climáticas, leis de armas e empréstimos estudantis.
As recentes mudanças anunciadas pela administração Biden no reembolso de empréstimos estudantis e a consideração de reclassificar a maconha como uma droga menos grave são exemplos de como o presidente tenta se conectar com o eleitorado jovem, mesmo em meio a críticas sobre outras políticas, como a invasão de Gaza.