GAZA

Repressão nos EUA tem relação direta com futuro de Bibi

Israel segue matando em Gaza e prevê ofensiva em Rafah

Protestos.Enfrentando oposição em casa, Bibi agita a diáspora para barrar os estudantes (aqui montando acampamento no Lincoln Center) e sobreviver.Créditos: Reprodução X
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As notícias confusas, que criam uma cortina de fumaça sobre o conflito em Gaza, não conseguem esconder um fato: o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu maneja uma corda bamba, cujo principal objetivo é se manter no poder e, com isso, fugir da Justiça.

Os Estados Unidos, atendendo às prioridades da reeleição de Joe Biden, pressionam o Hamas e Israel por um cessar-fogo, com libertação de reféns.

O secretário de Estado Antony Blinken culpa o Hamas pela demora, mas o porta-voz do grupo, Sami Abu Zuhri, rebateu: Blinken age como se fosse ministro de Israel.

Para o Hamas, quem não quer acordo é Benjamin Netanyahu.

HOLOFOTES

Um cessar-fogo, mesmo que temporário, voltaria a colocar os holofotes no primeiro-ministro, que enfrenta oposição à direita e à esquerda e pedidos por eleições antecipadas, às quais ele não sobreviveria.

Fora do poder, Netanyahu terá de lidar com processos que poderão levá-lo à cadeia.

Bibi segue falando em derrota total do Hamas, o que significa manter os planos de invasão a Rafah, onde se concentram mais de 1 milhão de refugiados palestinos.

Dois integrantes da coalizão de extrema-direita que governa Israel, Bezalel Smotrich e Itamar Ben-Gvir, fazem campanha pela ofensiva, que é rejeitada por aliados ocidentais de Israel -- ao menos no discurso público.

Ben-Gvir, ministro da Segurança Nacional, fez uma postagem depois de um encontro pessoal com Bibi: ou segue a guerra para derrota total do Hamas, ou o governo será derrubado no Parlamento, escreveu.

Enquanto isso, segue o ataque a Gaza: 34.568 mortos e estimativa de 8 mil desaparecidos.

A crise humanitária se aprofunda, depois de 208 dias de conflito, com recorde de amputações por falta de tratamento adequado e empobrecimento generalizado dos palestinos.

REPRESSÃO NOS EUA

Benjamin Netanyahu participou pessoalmente da campanha contra os protestos dos estudantes nos Estados Unidos, divulgando um vídeo em que classifica as manifestações como "antissemitas".

O forte lobby de Israel se mobilizou, com o líder republicano na Câmara, Mike Jonhson, se dando ao trabalho de viajar até a Universidade de Columbia para acusar os manifestantes de apoiar o terrorismo e pregando a demissão da direção da escola.

Na California, a polícia de Los Angeles só assistiu enquanto cerca de 200 estudantes pró-Israel atacavam com fogos de artifício, porretes e spray de pimenta um acampamento em defesa de Gaza na Universidade da Califórnia.

Criminalizar os protestos é prioridade número um de Israel, especialmente em Nova York, a maior cidade judaica fora de Israel.

O prefeito de Nova York, um ex-policial democrata, confirmou que 300 estudantes foram presos no campus da Universidade de Columbia.

Horas depois, estudantes montaram um acampamento na Universidade de Fordham, campus do Lincoln Center. É uma escola privada, de tradição jesuíta, num espaço de grande visibilidade em Manhattan.

A segunda prioridade de Israel é impedir o avanço do BDS, o movimento por boicote, desinvestimento e sanções contra Israel, que Tel Aviv combate com milhões de dólares ao longo dos últimos anos.

Confrontado em casa, para sobreviver Bibi depende cada vez mais da diáspora judaica, que através do financiamento de campanha exerce forte influência sobre o Congresso e a opinião pública dos Estados Unidos.