“O Império não fez nada de errado”, diz um irônico fã de Star Wars que vestia uma máscara dos ‘stormtroopers’ – soldados imperiais da franquia – em frente a um protesto pró-Israel instalado na entrada da Universidade de Columbia, em Nova York. Ele simplesmente revoltou os presentes que foram se manifestar contra o movimento dos estudantes da instituição que pedem o fim do apoio dos EUA ao genocídio promovido por Israel contra os palestinos na Faixa de Gaza.
Imagens do momento viralizam nas redes sociais brasileiras na noite desta terça-feira (30). O título do irônico vídeo é “Defendendo o Império na Universidade de Columbia”.
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“A Aliança Rebelde sequestra crianças, eles os doutrinam”, disse o fã de Star Wars. Nesse momento enfrentou pela primeira vez o rechaço dos sionistas que se reuniam em frente a Universidade de Columbia. “Você deveria ir para outro lugar”, diz um dos sionistas que está na porta da instituição.
“Não se pode mais falar sobre Star Wars? Espere, há uma área especial para falar sobre Star Wars! Os mandalorianos usam o bebê Yoda como escudo humano”, retrucou o ativista antes de ter seu capacete de stormtrooper arrancado por um sionista.
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Na cena seguinte ele é entrevistado por um jornalista da Fox News e repete as analogias como se fossem parte da vida real: “O mandaloriano estava usando o bebê Yoda como escudo humano. A mídia liberal não fala sobre como Alderaan estava sendo usado como base pela Aliança Rebelde. E você pode dizer o que quiser sobre o Sith Lord, mas ele lidou com a Federação de Comércio e todo o bloqueio de Naboo”.
Bem humorado, o jornalista perguntou: “E para aqueles que não estão familiarizados com Star Wars, você poderia explicar a analogia? O que isso tem a ver com Israel?”
O homem manteve a pose de ‘manifestante pró-Império Intergalático’, exibindo-se um bom ator, e desconversou: “Seria preciso começar a assistindo o primeiro filme. Sobre Israel, é difícil dizer”. Explicamos as analogias a seguir.
“O Império não fez nada de errado”
A analogia entre os filmes de Star Wars e o genocídio perpetrado por Israel na Faixa de Gaza irritou os sionistas porque a franquia de ficção científica é bem famosa e narra a história de Império Intergalático, com fortes conotações fascistas e genocidas, que é combatido pela chamada Aliança Rebelde,uma organização multiplanetária que luta ao lados dos famosos Jedi por uma democracia no universo.
Logo no primeiro filme, intitulado “Episódio 4 – Uma Nova Esperança”, de 1977, o caráter genocida do Império aparece com a criação da Estrela da Morte. Trata-se de uma enorme nave espacial, do tamanho de uma lua, que é usada para desintegrar planetas.
Acusado de abrigar bases da Aliança Rebelde, o planeta Alderaan é o primeiro a ser destruído pela arma de destruição em massa imperial, o que dá início à trama.
O pretexto para a aniquilação total do corpo celeste é o que o homem diz que “a mídia liberal não fala a respeito”, em clara provocação à extrema direita dos EUA que costuma usar esse termo, “liberal media”, para definir meios de comunicação independentes e críticos da sua pauta.
A analogia, obviamente, faz referência à destruição total da Faixa de Gaza promovida nos últimos 6 meses pelo Estado de Israel e o seu “imperador Palpetine”, Benjamin Netanyahu. Além disso, o Estado de Israel é famoso pelo seu militarismo, assim como, na ficção, o Império Intergalático.
“A Aliança Rebelde sequestra e doutrina crianças”
A primeira trilogia da franquia é composta por “Episódio 4 – Uma nova Esperança (1977)”, “Episódio 5 – O Império Contra-Ataca (1980)” e “Episódio 6 – O Retorno de Jedi (1983)”.
A série narra o despertar de Luke Skywalker, um jovem morador do desértico planeta Tatooine que teria, dentro de si, a famosa “Força”, poder sobrenatural que o tornaria capaz de se tornar um Jedi. Luke se junta à Aliança Rebelde, onde aprende a dominar tal poder e a necessidade de usá-lo contra a opressão do Império.
A analogia aí se dá em relação ao discurso propagado pelos meios de comunicação simpáticos a Israel de que o Hamas, partido islâmico-palestino que governa Gaza desde 2007, sequestraria crianças para doutriná-las dentro dos seus parâmetros. Uma verdadeira propaganda de guerra israelense.
Bloqueio de Naboo e os Sith Lords
Em “Episódio 1 – A Ameaça Fantasma (1999)”, ocorre a batalha de Naboo. O planeta é então ocupado pela Federação de Comércio e os seus drones soldados. A história se passaria 32 anos antes da explosão de Alderaan.
Nesse momento, a galáxia é governada pela República Galáctica, uma confederação democrática de planetas, e as disputas comerciais que envolvem o planeta Naboo dão força para o crescimento do Império. Nesse filme teria ocorrido o retorno dos Sith Lords, espécie de Jedis corrompidos que atuariam em benefício próprio, em busca de poder, e a serviço do Império.
Um desses Sith Lords, o Darth Maul, teria sido o responsável pela derrocada da Federação Comercial. Os desdobramentos do conflito teriam elevado o Senado Palpetine à liderança da República Galáctica que ele transformaria em Império logo a seguir, ao dar um golpe.
O conflito da ficção resultou no bloqueio de Naboo, em situação que faz clara analogia aos bloqueios impostos a Gaza por Israel. Ao longo da recente escalada do conflito - dessa vez o da vida real - os palestinos ficaram sem acesso a água, alimentos e eletricidade por ordem de Netanyahu.
Bebê Yoda usado como escudo humano
Já o bebê Yoda está presente na série The Mandalorian, de 2019, que se passa anos depois da trama dos filmes de Star Wars estar concluída. Trata-se de uma criança da mesma espécie que o icônico Jedi conhecido como Mestre Yoda, que é protegido por um 'mandaloriano', homem de um planeta que foi destruído, mas não incinerado, pelo Império.
Esse mandaloriano estaria encarregado de proteger o bebê Yoda e levá-lo até a presença dos Jedis remanescentes. Em momento crítico da série, coloca-se entre seu protetor e um agente da organização que tenta reconstruir o Império Intergaláctico.
A analogia volta a ironizar a propaganda de guerra israelense. Dessa vez a de que o Hamas e as demais organizações da resistência palestina usariam crianças como escudo durante conflitos com militares israelenses.
Assista ao vídeo