SUI GENERIS

Pesadelo para Trump e Biden, candidatos alternativos tem 15% nos EUA

Insatisfação marca temporada eleitoral

Trio.West, Kennedy e Stein tem o potencial de mudar o quadro eleitoral, numa ano de grande insatisfação.Créditos: Reprodução
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Os candidatos alternativos a Joe Biden e Donald Trump estão alcançando quase 15% das preferências eleitorais nos Estados Unidos, de acordo com a média das pesquisas mais recentes.

Faltando quatro meses para o início da campanha eleitoral, que de fato começa depois da Convenção do Partido Democrata, entre 19 e 22 de agosto, em Chicago, este número acrescenta incerteza a uma eleição em que a maioria dos eleitores rejeita as escolhas oficiais.

De acordo com o Pew Research Center, 66% dos entrevistados de menos de 30 anos de idade, em uma pesquisa que ouviu eleitores registrados, disseram que substituiriam os dois candidatos principais se pudessem fazê-lo.

Isso indica uma tremenda insatisfação dos jovens com a falta de perspectiva econômica, o que pode levá-los a escolher candidatos anti-establishment ou simplesmente desistirem de votar.

BIPARTIDARISMO

O sistema eleitoral dos Estados Unidos favorece os partidos Republicano e Democrata, ao criar uma série de barreiras para que candidatos independentes constem na cédula eleitoral para as eleições presidenciais.

Na prática, é um bipartidarismo que afunila as escolhas da população, como se houvessem apenas os azuis e os vermelhos.

Robert F. Kennedy Jr. é, de longe, o candidato com maior potencial de tumultuar as projeções eleitorais.

Ele é o advogado preocupado com as questões ambientais que ao mesmo tempo propaga teorias de conspiração contra as vacinas. Defensor de Israel, denuncia a "cleptocracia corporativa" dos EUA.

Apesar das contradições, isso dá ao herdeiro da lendária família Kennedy o ar de "independente" capaz de atrair um significativo número de eleitores, que também se identificam assim. 

Kennedy tem dito que é o único capaz de derrotar Donald Trump em 2024.

Trump já sentiu o golpe e afirmou que um voto de protesto em Kennedy é um desperdício.

Kennedy é a versão renovada de Trump 2016: se apresenta como alguém que vem de fora para "reformar" o sistema em todos os seus aspectos:

A epidemia de obesidade não se deve a pessoas preguiçosas ou más. É por causa da degradação do abastecimento alimentar, do marketing corporativo e da desinformação.

A MÉDICA E O FILÓSOFO

A médica Jill Stein e o filósofo e teólogo Cornel West fazem o mesmo que Kennedy, mas à esquerda.

Stein é do Partido Verde, que por enquanto só está na cédula em 20 dos 50 estados, mais o Distrito de Columbia, sede da capital Washington.

West formou seu partido, o Justiça para Todos, para facilitar a presença de seu nome nas cédulas de vários estados.

Kennedy também formou um partido, o Nós o Povo, com o mesmo objetivo.

Diferentemente do Brasil, nos Estados Unidos as eleições são organizadas pelos estados, com regras distintas em cada um deles.

West e Stein tem o potencial de capturar muitos eleitores jovens engajados nos acampamentos universitários pró-Palestina.

Eles figuram nas pesquisas, ambos com menos de 2% dos votos.

Na média das pesquisas, Trump tem ligeira vantagem, mas os candidatos independentes podem alterar o quadro.

MICROCOSMO

A chave para entender as eleições de 2024 nos Estados Unidos não está nas pesquisas nacionais, mas no microcosmo.

Em 2020, Biden derrotou Trump por 10.457 votos no Arizona, 12.670 na Georgia, 20.682 em Wisconsin e 33.596 em Nevada.

Foram os 77.405 votos que garantiram sua vitória sobre Trump.

Foram 77.405 votos que decidiram a eleição num total de 155.507.476 votos registrados.

Qualquer previsão a esta altura é mero chute: com o mundo mergulhado em duas guerras e o eleitorado insatisfeito com os rumos dos Estados Unidos -- o que está expresso na rejeição de 56% a Joe Biden na pesquisa mensal divulgada pela Reuters --, os três candidatos independentes tem o potencial de alterar os resultados.

Ainda que, fora das cédulas, levem seus eleitores ao não comparecimento.