CHINA EM FOCO

China reage a ataques da OTAN e diz que organização usa Pequim como pretexto para militarização

Declarações de Mark Rutte sobre Taiwan e Ucrânia provocam forte resposta do governo chinês durante Cúpula em Haia

Declarações de Mark Rutte sobre Taiwan e Ucrânia provocam forte resposta do governo chinês durante Cúpula em Haia
China reage a ataques da OTAN e diz que organização usa Pequim como pretexto para militarização.Declarações de Mark Rutte sobre Taiwan e Ucrânia provocam forte resposta do governo chinês durante Cúpula em HaiaCréditos: OTAN
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A China respondeu com firmeza às declarações do novo secretário-geral da OTAN, Mark Rutte, que fez duras críticas ao país durante a Cúpula da aliança militar realizada em Haia, na Holanda. Em comunicado oficial divulgado pela Embaixada da China no país nesta quarta-feira (25), Pequim acusou Rutte de propagar “preconceitos, difamações e provocações maliciosas”.

Durante o encontro, realizado entre os dias 24 e 25 de junho, Rutte afirmou que a China está promovendo um “enorme aumento militar”, que representaria uma ameaça à segurança global e poderia desencadear conflitos em torno de Taiwan. Segundo ele, há risco de que Pequim coordene com a Rússia uma crise simultânea para dividir os esforços da OTAN entre Ásia e Europa.

A embaixada chinesa reagiu com veemência, afirmando que as declarações estavam repletas de distorções e careciam de qualquer base factual. Para o governo chinês, a questão de Taiwan é um tema estritamente interno e não admite interferência estrangeira.

“O que ameaça a paz e a estabilidade no Estreito de Taiwan são as forças separatistas pró-independência e o apoio externo que recebem”, diz a nota oficial.

Pequim também criticou a tentativa da OTAN de justificar sua expansão militar com base em supostas ameaças chinesas.

“Nos opomos firmemente ao uso da China como pretexto para a escalada armamentista da OTAN, que só contribui para aumentar as tensões globais e regionais”, afirmou o porta-voz da embaixada.

Críticas à posição da OTAN sobre a Ucrânia

Rutte ainda acusou a China de ter uma postura ambígua diante da guerra na Ucrânia. Em resposta, Pequim reiterou que não criou o conflito, não é parte dele e atua de forma ativa para promover o diálogo e buscar uma solução pacífica.

“Não colocamos lenha na fogueira, não buscamos ganhos próprios e não aceitaremos ser transformados em bode expiatório”, rebateu o governo chinês.

A embaixada exortou a OTAN a cessar interferências nos assuntos internos da China, respeitar os princípios das relações internacionais e contribuir, de fato, para a paz mundial. O texto faz ainda uma crítica velada à atuação da aliança no Indo-Pacífico:

“A OTAN se define como uma aliança regional e defensiva. Esperamos que permaneça fiel a essa definição — afinal, o Oceano Atlântico e o Oceano Pacífico estão a milhares de quilômetros de distância.”

Rutte alerta para "risco real" vindo da China

Em suas falas durante a cúpula, Mark Rutte alertou que a China estaria mirando infraestruturas críticas do Ocidente, com capacidade de interferir no funcionamento de sociedades inteiras na Europa e nos Estados Unidos. Segundo ele, Pequim busca consolidar-se como potência militar dominante no cenário global.

Diante desse diagnóstico, Rutte defendeu que os países da OTAN ampliem os gastos com defesa para até 5% do PIB — mais que o dobro da meta atual de 2%. A proposta visa fortalecer a aliança diante de ameaças combinadas envolvendo China, Rússia, Coreia do Norte e Irã.

A Cúpula de Haia reuniu líderes de 32 países sob forte esquema de segurança. O evento marcou a estreia internacional de Rutte como novo secretário-geral da OTAN e evidenciou o foco renovado da aliança nas tensões geopolíticas da Ásia, especialmente em torno de Taiwan.

Confira a fala de Rutte

 

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