A Administração Estatal de Regulação do Mercado da China (SAMR) informou que revisará, conforme a legislação, o acordo de venda dos portos de Balboa e Cristóbal, no Canal do Panamá, feito pela CK Hutchison Holdings, conglomerado chinês baseado em Hong Kong, com um consórcio liderado pela BlackRock, dos EUA.
O objetivo é garantir concorrência justa e proteger interesses públicos do país. A segunda divisão antitruste da SAMR, responsável por revisar concentrações empresariais, como o Cade no Brasil, afirmou que "analisará o caso para evitar práticas que limitem a concorrência". O setor também orienta empresas chinesas em compliance antitruste no exterior.
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O Ministério das Relações Exteriores da China declarou, em coletiva na quinta-feira, que "se opõe firmemente a coerção econômica e hegemonismo".
A CK Hutchison anunciou que “não haverá uma assinatura oficial do acordo dos dois portos do Panamá na próxima semana".
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Entenda a venda
Desde que Donald Trump venceu as eleições em novembro do ano passado, o Canal do Panamá se tornou um foco de sua política externa.
O republicano tem pressionado para aumentar a influência americana na hidrovia que conecta o Pacífico com o Atlântico. O alvo principal de Trump são os crescentes investimentos chineses na logística global, em especial através da Iniciativa Cinturão e Rota (Nova Rota da Seda). O Panamá anunciou em fevereiro, após forte pressão dos EUA, que saiu do projeto depois de ter sido o primeiro país latino-americano a integrá-lo, ainda em 2017.
No mesmo mês, foi anunciado que a CK Hutchison Holdings iria vender por US$ 22,8 bilhões a administração de mais de 40 portos em 23 países, incluindo os portos de Cristóbal e Balboa, no Panamá.
A transação não foi oficialmente relacionada às pressões de Trump pelas empresas envolvidas, mas é alvo de duras críticas por diferentes setores da política chinesa.
À época, a Administração de Assuntos de Hong Kong e Macau da China classificou o acordo como uma "traição aos interesses chineses".
Leia: Venda de portos no Panamá à BlackRock aumenta controle dos EUA e pressiona China
Além da SAMR, outras diversas entidades da China podem revisar o acordo e acabar frustrando o desejo de Trump de colocar uma empresa estadunidense para controlar dois pontos estratégicos do Canal de Panamá, que concentra cerca de 5% das rotas globais de comércio.
O acordo deveria ser válido e concluído nesta quarta-feira (2), mas a suspensão da transação pela SAMR interrompeu o acordo, marcando uma derrota estratégica para os EUA na guerra comercial que empreende contra Pequim.