SOBRE O CANAL

Presidente do Panamá sugere que EUA agem com má fé e fake news

Abandona o tom diplomático: "Intolerável"

Navio hospital dos EUA atravessa o canal; Panamá negou travessia gratuita para embarcações do Pentágono.
Na mão grande.Navio hospital dos EUA atravessa o canal; Panamá negou travessia gratuita para embarcações do Pentágono.Créditos: Reprodução
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O presidente do Panamá, José Raúl Mulino, numa entrevista coletiva sem precedentes, acusou os Estados Unidos de agirem de má fé ao divulgar um comunicado que é fake news: que os navios militares estadunidenses passariam a trafegar gratuitamente pelo Canal do Panamá, "economizando milhões de dólares por ano".

A publicação foi feita no perfil oficial do Departamento de Estado no X e não foi retirada depois do acréscimo de uma nota da comunidade dizendo que a "informação" havia sido desmentida.

"Falsidade", disse Mulino, que parecia irritado e deixou de lado o tom diplomático que vinha empregando nas discussões com autoridades dos EUA.

"É intolerável, simples e sinceramente intolerável", acrescentou.

O Panamá recebeu a primeira visita oficial de Marco Rubio, o secretário de Estado, no último domingo, 2. Rubio seguiu em giro pela América Central e o Caribe e a "notícia" dada pelo departamento que ele comanda saiu ontem, 5, depois de uma conversa telefônica entre autoridades panamenhas e o secretário de Defesa dos EUA, Pete Hegseth.

Mulino afirmou:

Hoje através de vocês [jornalistas] comunico ao mundo meu rechaço absoluto a que sigamos gerenciando a relação bilateral sobre a base de mentiras e falsidades. O Panamá não é o maior país do mundo, mas também não é o último.

As mentiras de Trump

Desde que assumiu, Donald Trump vem falando em reassumir o controle do canal do Panamá usando uma série de falsidades.

Mentiu que a China comanda a passagem dos navios, que teria tropas em território panamenho e que navios estadunidenses pagam mais que os de outros países para transitar.

O presidente Mulino disse que relações entre países devem ser conduzidas de "boa fé", sugerindo que os EUA não estão fazendo isso.

"Não vou transgredir a Constituição nacional sob pretexto de nada, nem de ninguém. Eu compreendo os problemas políticos internos que podem existir nos Estados Unidos", afirmou, numa aparente referência ao fato de que Trump precisa apresentar resultados concretos para as ameaças públicas que faz.

Mulino deixou implícito que não caberia a ele, mas aos administradores do canal, tomar qualquer decisão sobre a cobrança das taxas de trânsito.

Também afirmou que os EUA pagam de 6 a 7 milhões de dólares por ano em pedágios para seus navios militares e que este valor jamais poderia "quebrar" a economia estadunidense.

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