CHINA EM FOCO

Xi Jinping amplia abertura e desafia protecionismo de Donald Trump

Com plano ambicioso para atrair capital estrangeiro, Pequim recebe dezenas de pesos pesados globais e consolida papel de centro industrial e tecnológico em contraste com a estratégia isolacionista de Washington

Xi Jinping amplia abertura e desafia protecionismo de Donald Trump.Créditos: Fotomontagem (Xinhua)
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A China tem sido e continuará sendo um destino ideal, seguro e promissor para investidores estrangeiros, afirmou o presidente chinês, Xi Jinping, ao se reunir com representantes da comunidade empresarial internacional em Pequim nesta sexta-feira (28).

Em evento realizado no Grande Salão do Povo, Xi destacou que o país asiático, que trilha um caminho próprio rumo à modernização integral, tem sido um importante pilar de estabilidade e contribuição para o crescimento global.

Comprometida com sua política nacional de abertura ao mundo, a China está promovendo uma abertura de alto padrão, com avanços institucionais em regras, regulamentos, gestão e padrões.

“A porta da China só se abrirá mais. A política de acolhimento ao investimento estrangeiro não mudou e não mudará”, declarou Xi.

Detentora do segundo maior mercado consumidor do mundo e da maior população de renda média, a China oferece enorme potencial para investimentos e consumo. 

Segundo Xi, a transformação verde, digital e inteligente em curso, aliada ao ecossistema industrial sofisticado do país, fornece o terreno ideal para testes de tecnologias avançadas e modernização industrial.

O presidente também destacou que a China conta com políticas sólidas para atrair investimentos, promove a liberalização do comércio e busca oferecer um ambiente de negócios de primeira classe, orientado pelo mercado, baseado no Estado de Direito e com padrões internacionais. 

A estabilidade política e social é outro ponto enfatizado por Xi, que classificou o país como um dos mais seguros do mundo.

“Tudo isso mostra que a China oferece um amplo palco para o desenvolvimento empresarial, vastas perspectivas de mercado, uma política estável e um ambiente seguro — tornando-se a escolha preferencial para investimentos estrangeiros”, afirmou Xi. 

“Abraçar a China é abraçar oportunidades; acreditar na China é acreditar em um amanhã melhor; investir na China é investir no futuro.”

Xi recebe pesos pesados globais

De acordo com matéria do Wall Street Journal, Xi recebeu mais de 40 executivos de empresas multinacionais para discutir a estabilidade das cadeias de suprimentos globais e reforçar o compromisso da China com a abertura econômica.

No encontro, Xi destacou a importância de apoiar a globalização e resistir a barreiras comerciais. Ele garantiu que a China continua aberta ao investimento estrangeiro e comprometida com o desenvolvimento pacífico. O encontro teve como objetivo apresentar a China como um pilar de estabilidade em um mundo volátil.

Principais pontos do encontro:

  • Apoio à globalização: Xi enfatizou que a globalização é uma tendência histórica irreversível e que as empresas multinacionais desempenham um papel fundamental na manutenção da ordem econômica global.
     
  • Ambiente aberto ao investimento: Ele assegurou aos CEOs que a China permanece receptiva ao capital estrangeiro e empenhada no desenvolvimento pacífico.
     
  • Preocupações com tensões comerciais: A reunião ocorreu em um contexto de disputas comerciais em andamento e de medidas chinesas ligadas à segurança nacional, que têm causado apreensão entre investidores estrangeiros.

O encontro simboliza os esforços da China para fortalecer relações com empresas globais em meio ao aumento das tensões comerciais com os Estados Unidos.

Entre os participantes estavam líderes de diversas indústrias, incluindo:

  • Ray Dalio, fundador da Bridgewater Associates, o maior fundo de hedge do mundo.
     
  • Stephen Schwarzman, CEO do Blackstone Group, líder global em gestão de ativos alternativos.
     
  • Albert Bourla, CEO da Pfizer, empresa farmacêutica multinacional.
     
  • Akio Toyoda, presidente da Toyota Motors, gigante japonesa do setor automotivo.
     
  • Ola Källenius, CEO da Mercedes-Benz, fabricante alemã de veículos de luxo.
     
  • Oliver Zipse, CEO da BMW, outra renomada montadora alemã.
     
  • Cristiano Amon, CEO da Qualcomm, líder em tecnologia de semicondutores.
     
  • Rajesh Subramaniam, CEO da FedEx, empresa de serviços de entrega expressa.
     
  • Pascal Soriot, CEO da AstraZeneca, multinacional farmacêutica.
     
  • Amin Nasser, CEO da Saudi Aramco, uma das maiores empresas de petróleo do mundo.
     
  • Georges Elhedery, CEO do HSBC Holdings, instituição financeira global.
     
  • Toshiaki Higashihara, presidente executivo da Hitachi Ltd., conglomerado japonês diversificado.
     
  • Kwak Noh-Jung, CEO da SK Hynix, fabricante sul-coreana de semicondutores.
     
  • Klaus Rosenfeld, CEO do Schaeffler Group, fornecedor global de componentes automotivos e industriais.
     
  • Hubertus von Baumbach, CEO da Boehringer Ingelheim, empresa farmacêutica alemã.
     
  • David A. Ricks, CEO da Eli Lilly, multinacional farmacêutica dos EUA.
     
  • Jon Abrahamsson Ring, CEO do Inter IKEA Group, rede global de móveis e decoração.
     
  • Vincent Clerc, CEO da AP Møller-Maersk, empresa dinamarquesa de transporte e logística.
     
  • Roland Busch, CEO da Siemens, conglomerado industrial alemão.
     
  • Emma Walmsley, CEO da GlaxoSmithKline (GSK), empresa farmacêutica britânica.
     
  • Jay Y. Lee, presidente da Samsung Electronics, conglomerado sul-coreano de tecnologia.

Contraponto ao protecionismo de Trump

A disputa econômica entre China e Estados Unidos se intensificou no segundo mandato de Donald Trump. Enquanto Washington adota uma postura mais protecionista — elevando tarifas, restringindo investimentos e incentivando a repatriação da produção industrial —, Pequim reforça sua estratégia de abertura e integração ao mercado global.

Para ampliar sua atratividade, a China lançou em fevereiro deste ano o Plano de Ação 2025 para a Estabilização do Investimento Estrangeiro, que reúne 20 novas medidas voltadas à expansão ordenada da abertura econômica e ao aprimoramento de mecanismos de atração de capital externo.

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O plano reflete o compromisso de consolidar a China como centro industrial e tecnológico global. Até o final de 2024, empresas estrangeiras haviam estabelecido 1,24 milhão de companhias no país, com um capital total de US$ 2,9 trilhões. 

Somente neste ano, já foram registrados US$ 33 bilhões em novos investimentos e a abertura de 60 mil novas empresas de capital estrangeiro — um crescimento de 9,9% em relação ao ano anterior.

Nos últimos cinco anos, o retorno médio sobre o Investimento Direto Estrangeiro (IDE) foi de aproximadamente 9%, colocando a China entre os destinos mais rentáveis do mundo.

Compromisso com a expansão de mercado

O Plano de Ação 2025 é parte da estratégia chinesa de fortalecer a confiança global e garantir crescimento sustentável. As medidas incluem incentivos em setores estratégicos como tecnologia, semicondutores, manufatura avançada e energia verde. 

O governo também planeja ampliar a cooperação internacional e a integração de empresas estrangeiras ao mercado local.

Durante as "Duas Sessões", principal evento político anual do país, o Relatório de Trabalho do Governo de 2025 reforçou que empresas estrangeiras terão tratamento nacional em áreas como acesso a crédito, licenciamento regulatório, definição de padrões industriais e participação em licitações públicas.

China como destino alternativo em um mundo fragmentado

Diante da retração dos EUA em sua política de abertura global, multinacionais buscam realocar seus investimentos. Com mercado interno de 1,4 bilhão de consumidores, infraestrutura avançada e incentivos regulatórios, a China se apresenta como o destino mais estratégico.

As medidas de Pequim visam compensar os efeitos da saída de algumas empresas ocidentais, que têm diversificado suas cadeias de suprimentos diante das pressões do governo Trump.

Disputa entre modelos econômicos

A rivalidade sino-estadunidense ganhou novo fôlego no segundo governo Trump. Washington tem restringido o acesso chinês a tecnologias avançadas, como semicondutores, pressionando aliados a reduzirem sua dependência da economia chinesa.

O Plano de Ação 2025 é uma resposta estratégica que visa manter a China como centro vital da economia global, promovendo investimentos e reforçando sua liderança tecnológica.

Polo de investimento em um mundo multipolar

Com os EUA adotando um isolacionismo mais agressivo, a China vê a oportunidade de consolidar-se como principal polo de atração de capital global. 

O sucesso dessa estratégia dependerá da capacidade de equilibrar a abertura econômica com sua meta de autossuficiência tecnológica, assegurando que o país continue a ser um dos principais motores da economia mundial.

 

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