A China avança rapidamente no desenvolvimento de seu caça furtivo de sexta geração, enquanto os Estados Unidos confirmam um contrato bilionário para a produção de sua própria aeronave de próxima geração.
O confronto tecnológico entre as duas maiores potências militares do mundo se intensifica, reforçando a importância estratégica da inovação na aviação de combate.
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China realiza novo teste com o caça J-36
Na última segunda-feira (17), imagens e vídeos não oficiais começaram a circular na internet, mostrando um caça furtivo sem cauda realizando um voo de teste sobre a cidade de Chengdu, onde está localizada a Chengdu Aircraft Industry Group, fabricante da aeronave.
O novo caça chinês, provisoriamente chamado de J-36, exibe um design triangular e configurações de asas em duplo delta, características que reforçam sua furtividade e eficiência aerodinâmica. Especialistas apontam que o projeto faz parte da estratégia da China para modernizar suas forças aéreas e competir com as tecnologias ocidentais.
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O avistamento ocorreu menos de três meses após o primeiro voo conhecido da aeronave, realizado em 26 de dezembro de 2024, quando o J-36 voou ao lado de um caça Chengdu J-20S, de quinta geração. A curta distância entre os testes indica confiança dos engenheiros chineses na estabilidade da aeronave.
Novo vídeo sugere avanços nos testes
Um suposto caça de sexta geração da China, cuja primeira aparição ocorreu em dezembro de 2024, teria realizado mais um teste de voo recentemente, de acordo com vídeos e imagens divulgados nas redes sociais nesta segunda-feira (17).
Especialistas militares chineses afirmam que, se as imagens forem autênticas, os testes da nova aeronave estão progredindo sem problemas. Um dos vídeos foi publicado na plataforma Sina Weibo e republicado pela revista militar chinesa Naval & Merchant Ships, que destacou os caças de sexta geração da China como matéria de capa de sua edição de março.
Avanço nos testes e características da aeronave
Apelidado por internautas de "folha de ginkgo" devido ao seu formato, o caça foi filmado desta vez com o trem de pouso recolhido, sem nenhuma outra aeronave o acompanhando. No avistamento anterior, em dezembro de 2024, o jato foi registrado com o trem de pouso baixado e acompanhado por um J-20S, caça de quinta geração de assento duplo.
A autenticidade dos vídeos e imagens ainda não foi verificada, e não há informações confirmadas sobre a data e o local do teste.
O especialista militar Song Zhongping afirmou ao Global Times que, se as imagens forem genuínas, elas indicam que o novo caça está avançando nos testes de voo com intervalos curtos entre as avaliações.
"O trem de pouso recolhido pode significar que o teste focou nos sistemas relacionados ao pouso, além de avaliar as capacidades aerodinâmicas da aeronave", explicou Song.
Já Wang Ya’nan, editor-chefe da revista Aerospace Knowledge, destacou que a frequência dos testes e a confiança dos desenvolvedores em recolher o trem de pouso sugerem estabilidade no desempenho de voo.
Apesar disso, Wang acredita que a aeronave ainda está em uma fase inicial de testes e que novas avaliações de outros sistemas ocorrerão ao longo de um período considerável.
Indícios sobre o desenvolvimento do caça de sexta geração
Embora a China não tenha anunciado oficialmente o desenvolvimento de um caça de sexta geração, alguns indícios surgiram ao longo dos últimos anos.
Em 2022, durante a Airshow China, realizada em Zhuhai, na província de Guangdong, a Aviation Industry Corporation of China (AVIC) exibiu um modelo conceitual de um caça de nova geração, que possuía um design sem cauda, semelhante ao que os internautas agora chamam de "folha de ginkgo".
No dia 1º de janeiro de 2025, um vídeo publicado pelo Comando do Teatro Oriental do Exército de Libertação Popular da China mostrava uma folha de ginkgo e um pássaro, o que levou internautas a associarem as imagens aos supostos novos caças furtivos.
Segundo o portal estadunidese The Warzone, outro jato inédito também foi identificado nas redes sociais em dezembro de 2024, além da aeronave "folha de ginkgo".
O editor Wang acredita que os caças de sexta geração vistos até agora podem ser protótipos demonstradores, usados para explorar tecnologias para o futuro caça de sexta geração da China.
"Do ponto de vista do desenvolvimento, a China parece estar determinada a investigar e testar múltiplas tecnologias para equipamentos de aviação de nova geração", concluiu Wang.
O voo mais recente do J-36 pode ter sido focado na verificação da aerodinâmica e do trem de pouso, uma fase essencial antes da entrada em produção. O analista militar chinês Song Zhongping destacou que o rápido progresso nos testes sugere que a aeronave já atingiu uma fase avançada de desenvolvimento.
EUA reagem: Boeing desenvolverá o caça F-47
Enquanto a China testa seu novo caça furtivo, os Estados Unidos anunciaram oficialmente o vencedor do contrato para seu programa Next Generation Air Dominance (NGAD), destinado a substituir o F-22 Raptor da Lockheed Martin.
O presidente Donald Trump confirmou nesta sexta-feira (21) que a Boeing foi escolhida para liderar o projeto, desenvolvendo um caça de sexta geração chamado F-47. O contrato está avaliado em US$ 20 bilhões, mas o programa NGAD pode atingir cifras muito maiores ao longo das próximas décadas.
O F-47 será o caça mais avançado da história da Força Aérea dos EUA, incorporando:
- Tecnologia furtiva aprimorada
- Sensores de última geração
- Motores mais eficientes e silenciosos
- Integração com drones autônomos conhecidos como Collaborative Combat Aircraft (CCA)
O programa NGAD prevê que o F-47 opere ao lado desses drones, formando um esquadrão híbrido que revolucionará a guerra aérea moderna.
A escolha da Boeing representa uma reviravolta estratégica, pois a empresa vinha enfrentando desafios tanto no setor comercial quanto no militar. Especialistas acreditam que esse contrato pode garantir à Boeing um fluxo financeiro contínuo e fortalecer sua posição na indústria aeroespacial.
Gerações de Aeronaves de Caça
A aviação de caça evoluiu significativamente desde a Primeira Guerra Mundial, passando por diversas gerações de aeronaves, cada uma com avanços tecnológicos específicos. Atualmente, os caças de sexta geração estão em desenvolvimento, prometendo revolucionar o combate aéreo.
Primeira Geração (1940-1950) – Primeiros caças a jato
Características principais:
- Primeiros motores a jato substituindo os motores a hélice.
- Velocidades mais altas que os caças da Segunda Guerra Mundial.
- Sem radar a bordo; combate aéreo baseado em visão direta.
- Armamento convencional com metralhadoras e canhões.
Exemplos:
- Messerschmitt Me 262 (Alemanha) – O primeiro caça a jato operacional.
- Gloster Meteor (Reino Unido) – Primeiro caça a jato dos Aliados.
- Lockheed P-80 Shooting Star (EUA) – Primeiro caça a jato estadunidense a entrar em serviço.
Segunda Geração (1950-1960) – Supersônicos e mísseis guiados
Características principais:
- Capacidade de voar acima da velocidade do som (Mach 1+).
- Uso de radares embarcados para melhor engajamento de alvos.
- Introdução dos primeiros mísseis ar-ar.
- Melhor manobrabilidade e alcance.
Exemplos:
- MiG-15 e MiG-17 (URSS) – Caças muito usados na Guerra da Coreia.
- F-86 Sabre (EUA) – Principal caça a jato dos EUA na Guerra da Coreia.
- Dassault Mirage III (França) – Primeiro caça europeu supersônico.
Terceira Geração (1960-1970) – Multifuncionalidade e melhor eletrônica
Características principais:
- Melhor integração entre aviônicos e armamento.
- Uso ampliado de radares e mísseis ar-ar de médio alcance.
- Maior capacidade de ataque ao solo.
- Introdução dos primeiros motores vetoriais para maior manobrabilidade.
Exemplos:
- F-4 Phantom II (EUA) – Versátil, usado tanto pela Marinha quanto pela Força Aérea.
- MiG-21 (URSS) – Caça mais produzido da história.
- Mirage F1 (França) – Caça de ataque multifuncional.
Quarta Geração (1970-1990) – Super Manobrabilidade e Maior Conectividade
Características principais:
- Aerodinâmica avançada para alta manobrabilidade.
- Sensores mais sofisticados e maior integração entre sistemas.
- Capacidade de combate além do alcance visual (BVR - Beyond Visual Range).
- Melhor eficiência em ataques ao solo e missões multifuncionais.
Exemplos:
- F-14 Tomcat (EUA) – Famoso pelo sistema de radar AWG-9 e os mísseis Phoenix.
- F-15 Eagle (EUA) – Domínio aéreo com alta taxa de sucesso.
- F-16 Fighting Falcon (EUA) – Leve, altamente manobrável e com eletrônica avançada.
- Su-27 Flanker (URSS/Rússia) – Equivalente soviético do F-15.
- Dassault Mirage 2000 (França) – Caça multifuncional leve.
Quinta Geração (1990-presente) – Furtividade e Superioridade Tecnológica
Características principais:
- Tecnologia stealth (furtividade) para evitar detecção por radares.
- Sensores de fusão de dados, que combinam informações de diferentes fontes.
- Capacidade de combate em rede e maior autonomia de decisão.
- Aviônicos e radar AESA (Active Electronically Scanned Array) altamente avançados.
- Supercruzeiro – capacidade de manter velocidades supersônicas sem pós-combustão.
Exemplos:
- F-22 Raptor (EUA) – Primeiro caça de quinta geração operacional, altamente furtivo.
- F-35 Lightning II (EUA) – Multifuncional, usado por diversas nações.
- Chengdu J-20 (China) – Primeiro caça furtivo chinês.
- Sukhoi Su-57 (Rússia) – Primeiro caça furtivo russo.
Sexta Geração (Futuro) – Integração com Drones e Inteligência Artificial
Características principais esperadas:
- Total integração com drones autônomos, operando como "ala" do caça principal.
- Inteligência Artificial (IA) auxiliando o piloto na tomada de decisões.
- Maior furtividade, incluindo tecnologias que reduzem assinaturas térmica e eletromagnética.
- Armas de energia dirigida, como lasers e micro-ondas.
- Capacidade de guerra eletrônica avançada, bloqueando comunicações e radares inimigos.
- Motores hipersônicos e sistemas de propulsão revolucionários.
Projetos em desenvolvimento:
- NGAD (Next Generation Air Dominance) – EUA – Substituto do F-22, com drones autônomos.
- Tempest (Reino Unido, Itália e Japão) – Caça europeu de sexta geração.
- Chengdu J-36 (China) – Possível futuro caça furtivo chinês sem cauda.
- Sukhoi PAK DP (Rússia) – Foco em interceptação e guerra eletrônica.
A evolução das aeronaves de caça reflete o avanço da tecnologia militar e a corrida entre as principais potências globais para manter a superioridade aérea.
Se os caças de quinta geração revolucionaram o campo de batalha com a furtividade e os sensores avançados, os de sexta geração prometem uma nova era de guerra aérea dominada pela inteligência artificial, drones autônomos e armas inovadoras.
Impacto global da corrida pelos caças de sexta geração
A introdução do J-36 na China e do F-47 nos EUA ressalta a crescente competição entre as duas maiores potências militares do mundo. Especialistas ocidentais veem o avanço chinês como uma ameaça potencial à superioridade aérea dos EUA, destacando que a Força Aérea estadunidense precisa acelerar seu desenvolvimento para não perder terreno.
Por outro lado, o anúncio do F-47 reforça a resposta dos EUA ao avanço da tecnologia militar chinesa, garantindo que suas capacidades continuem à frente. A expectativa é que os primeiros protótipos da aeronave estadunidense entrem em testes nos próximos anos, enquanto a China pode surpreender com um desenvolvimento ainda mais acelerado do J-36.
Ambas as nações estão investindo pesado em novas tecnologias furtivas, motores mais avançados e integração com inteligência artificial, sinalizando que a corrida pela supremacia aérea do século 21 está apenas começando.