A China celebrou nesta quarta-feira (12) o 100º aniversário da morte de Sun Yat-sen, um dos mais importantes revolucionários e estadistas da história do país. Em meio às homenagens realizadas em Pequim, Jiangsu e Guangdong, o governo chinês reforçou seu compromisso com a reunificação nacional e pediu que os compatriotas em Taiwan se oponham ao separatismo e à interferência externa.
Em um pronunciamento oficial, um porta-voz do Escritório de Assuntos de Taiwan do Conselho de Estado destacou o papel de Sun Yat-sen como um símbolo da luta pela unidade da China, pedindo esforços conjuntos para o fortalecimento das relações no Estreito de Taiwan.
Te podría interesar
O legado de Sun Yat-sen e a reunificação nacional
Sun Yat-sen, considerado o pai da China moderna, foi o principal líder da Revolução de 1911, que derrubou a Dinastia Qing e estabeleceu a República da China. Em seu último testamento político, deixou a frase: "Paz, luta e salve a China."
Durante uma coletiva de imprensa nesta quarta-feira (12), Chen Binhua, porta-voz do Escritório de Assuntos de Taiwan do Conselho de Estado, ressaltou que Sun foi um grande herói nacional, patriota e precursor da revolução democrática chinesa.
Te podría interesar
Ele destacou que Sun sempre defendeu a unidade nacional e a revitalização da China, princípios que permanecem relevantes diante dos desafios geopolíticos atuais.
O governo chinês tem reiterado que a reunificação com Taiwan é um objetivo central da política nacional e que a homenagem a Sun Yat-sen reforça a importância dessa causa. Para Pequim, sua visão de um país unificado e soberano permanece um pilar fundamental para a política chinesa.
Comemorações na China e em Taiwan
Diversos eventos foram realizados para homenagear Sun Yat-sen. Em Pequim, uma cerimônia solene reuniu autoridades e representantes da sociedade no Salão Zhongshan, no Parque Zhongshan.
Já em Guangzhou, província natal de Sun, dezenas de participantes se reuniram no Salão Memorial Sun Yat-sen, onde prestaram homenagens diante de sua estátua de bronze. Governos locais também participaram das cerimônias, depositando cestos de flores em tributo ao líder revolucionário.
Em Taiwan, grupos cívicos, incluindo o Partido Trabalhista e o Partido da Aliança pela Reunificação, organizaram eventos para marcar a data. Os participantes defenderam a preservação do legado de Sun, ressaltaram a necessidade da paz no Estreito de Taiwan e criticaram o Partido Progressista Democrático (DPP), acusando-o de enfraquecer os laços históricos com o restante da China.
O vice-secretário-geral do Partido Trabalhista, Xu Mengxiang, afirmou que o povo de Taiwan ainda anseia por paz, desenvolvimento e uma vida próspera. Já Chi Chia-lin, líder do Partido da Aliança pela Reunificação, alertou que as autoridades taiwanesas não podem continuar intensificando políticas de "desinização", pois isso pode levar a ilha para um futuro incerto.
Enquanto isso, o Kuomintang (KMT), partido fundado por Sun Yat-sen, organizou uma série de atividades comemorativas. No dia 7 de março, um fórum reuniu membros do partido, incluindo o ex-presidente Ma Ying-jeou, para debater o legado do líder.
Críticas à omissão do DPP
O DPP, atual partido governante de Taiwan, foi criticado por não ter realizado eventos oficiais em homenagem a Sun Yat-sen. De acordo com a imprensa taiwanesa, a ausência de comemorações faz parte de uma estratégia de desvinculação da ilha com a China continental, promovida pelo partido nos últimos anos.
O professor Zheng Jian, diretor do Instituto de Estudos sobre Taiwan da Universidade de Xiamen, afirmou ao Global Times que a recusa do DPP em homenagear Sun faz parte de um esforço para apagar sua relevância histórica. Segundo ele, essa política afasta Taiwan de sua identidade chinesa e agrava as tensões regionais.
O papel de Sun Yat-sen na Revolução Chinesa e na reunificação
Sun Yat-sen é reverenciado tanto pelo governo da República Popular da China quanto pelo Kuomintang em Taiwan como o "Pai da Nação". Embora tenha sido um líder republicano e nacionalista, sua visão de um Estado moderno, independente e socialmente justo serviu como base para os movimentos revolucionários subsequentes, incluindo o Partido Comunista Chinês (PCCh).
Sun fundou o Kuomintang (KMT) e formulou os Três Princípios do Povo — nacionalismo, democracia e bem-estar social —, conceitos que influenciaram profundamente tanto os nacionalistas quanto os comunistas.
Após sua morte, Chiang Kai-shek assumiu o comando do KMT, mas rompeu com os comunistas, iniciando a Guerra Civil Chinesa (1927-1949). Enquanto Chiang fugiu para Taiwan após a fundação da República Popular da China em 1949, o PCCh reinterpretou o legado de Sun, argumentando que sua visão só foi plenamente concretizada com a revolução liderada por Mao Zedong.
A ligação entre Sun e o PCCh se deve à sua defesa da unidade nacional e da modernização da China, princípios que foram incorporados na política do partido. Durante sua vida, ele chegou a formar uma aliança com os comunistas para combater os senhores da guerra, consolidando um ideal que mais tarde influenciaria o modelo de governança da República Popular da China.
Sun Yat-sen como símbolo da reunificação nacional
A celebração do 100º aniversário da morte de Sun Yat-sen vai além de uma homenagem histórica. Para Pequim, o evento reforça a necessidade da reunificação com Taiwan, um dos objetivos centrais do governo chinês.
A China tem insistido que o modelo de "um país, dois sistemas" continua sendo a melhor solução para a questão taiwanesa. No entanto, o avanço de políticas separatistas promovidas pelo DPP representa um desafio crescente.
Enquanto Taiwan vive um cenário político polarizado, o governo chinês reafirma que a reunificação pacífica continua sendo sua prioridade, e que o espírito de Sun Yat-sen deve servir como um guia para essa missão.
O centenário da morte de Sun Yat-sen reafirmou sua importância como fundador da China moderna e um símbolo da unidade nacional. As homenagens realizadas em toda a China, incluindo Taiwan, mostraram que seu legado continua sendo um tema central na política e na identidade chinesa.
Para Pequim, a celebração não se limita a uma memória histórica, mas representa um compromisso contínuo com a reunificação e o rejuvenescimento da China. No atual cenário de tensões no Estreito de Taiwan, Sun Yat-sen segue como uma figura essencial na narrativa do governo chinês, reforçando a ideia de que a China permanecerá unificada, apesar dos desafios separatistas.