A China, na qualidade de presidente rotativa do Conselho de Segurança da ONU em fevereiro, realizará no dia 18 um evento de alto nível com o tema "Praticar o Multilateralismo, Reformar e Melhorar a Governança Global". O ministro das Relações Exteriores, Wang Yi, presidirá o encontro em Nova York (EUA).
O evento ocorre em um momento simbólico: o 80º aniversário da vitória na Segunda Guerra Mundial e da criação das Nações Unidas. A China busca destacar a importância do multilateralismo e da cooperação internacional para enfrentar desafios globais, como a insegurança crescente, o desenvolvimento desigual e as disfunções na governança global.
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Durante coletiva regular de imprensa do Ministério das Relações Exteriores da China, nesta segunda-feira (10) em Pequim, o porta-voz Guo Jiakun comentou que o debate visa reafirmar os princípios da ONU e acelerar a implementação do Pacto para o Futuro, adotado na Cúpula do Futuro da ONU em setembro passado.
"Diante de diversos desafios globais, incluindo a crescente insegurança e desordem, o desenvolvimento desigual e a disfunção da governança internacional, é um chamado do nosso tempo e uma responsabilidade compartilhada entre os países reformar e aprimorar a governança global", observou Guo.
O porta-voz destacou que espera-se que este debate aberto de alto nível seja uma oportunidade para os participantes revisarem o percurso da história da ONU, reafirmarem seu compromisso solene com o multilateralismo, demonstrarem firme determinação na defesa dos propósitos e princípios da Carta da ONU, intensificarem a cooperação na ONU, no Conselho de Segurança e em outras plataformas multilaterais, acelerarem a implementação do Pacto para o Futuro e contribuírem com mais sabedoria e força para a construção de um sistema de governança global mais justo e equitativo.
A posição da China no Conselho de Segurança
Como um dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança, a China defende princípios como a soberania nacional, o não intervencionismo e o fortalecimento do multilateralismo.
Pequim enfatiza a necessidade de reformas na governança global para garantir maior representação de países em desenvolvimento, especialmente da África, América Latina e Ásia, nas tomadas de decisão internacionais.
A postura chinesa também é marcada por cautela em relação ao uso de sanções e intervenções militares, priorizando soluções diplomáticas e evitando medidas unilaterais que possam prejudicar populações civis. No entanto, Pequim apoia missões de paz da ONU quando há consenso internacional e respeito à soberania dos países envolvidos.
Em relação aos outros membros permanentes do Conselho (EUA, Rússia, Reino Unido e França), a China tem uma abordagem pragmática. Frequentemente, alinha-se à Rússia em vetos contra resoluções ocidentais, especialmente sobre temas como Síria, Irã e Coreia do Norte, mas também coopera com países ocidentais em temas de interesse comum.
A China desempenha um papel central na governança global e na formulação de políticas internacionais de segurança. Seu posicionamento no Conselho de Segurança reflete sua política externa baseada no princípio da não interferência, no multilateralismo e na defesa da soberania nacional.
1. Apoio ao Multilateralismo
A China enfatiza a importância do multilateralismo como meio de resolução de conflitos e promoção da paz mundial. Isso inclui o fortalecimento das Nações Unidas como o principal fórum para a diplomacia global e o respeito aos princípios da Carta da ONU. Pequim frequentemente critica abordagens unilaterais de segurança e defende uma ordem internacional multipolar, na qual as decisões globais sejam tomadas de maneira coletiva.
2. Defesa da Soberania Nacional e Não-Interferência
Uma das principais diretrizes da política externa chinesa é o princípio da não interferência nos assuntos internos de outros países. No Conselho de Segurança, a China geralmente se opõe a intervenções militares e sanções impostas unilateralmente sem o aval da ONU. Isso se reflete em sua postura em relação a crises internacionais, como as guerras no Oriente Médio e a situação na Ucrânia.
3. Reformas na Governança Global
A China tem pressionado por reformas no sistema de governança global, incluindo a reforma do próprio Conselho de Segurança da ONU. Pequim apoia a ideia de que países em desenvolvimento, especialmente da África, América Latina e Ásia, tenham maior representação nos processos decisórios da ONU. No entanto, mantém uma posição cautelosa em relação à ampliação do número de membros permanentes do Conselho.
4. Política sobre Sanções e Uso da Força
A China frequentemente adota uma postura cautelosa e seletiva em relação a sanções e intervenções militares. Costuma se abster ou votar contra resoluções que envolvam intervenções unilaterais ou sanções que possam prejudicar populações civis. No entanto, apoia missões de paz da ONU quando há consenso internacional e respeito à soberania dos países envolvidos.
5. Relação com os Outros Membros Permanentes
A China mantém uma relação estratégica e pragmática com os demais membros permanentes do Conselho (EUA, Rússia, Reino Unido e França). Em várias ocasiões, Pequim alinha-se à Rússia em vetos contra resoluções ocidentais, especialmente em temas como Síria, Irã e Coreia do Norte. Entretanto, também colabora com os países ocidentais quando vê vantagens diplomáticas e econômicas.
6. Segurança Internacional e Desenvolvimento
Além de questões de segurança, a China promove uma abordagem que integra desenvolvimento econômico e segurança global. Defende que a paz duradoura depende da redução da pobreza e do crescimento econômico, sendo uma das vozes que buscam vincular os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) às discussões do Conselho de Segurança.
O posicionamento da China no Conselho de Segurança da ONU reflete sua visão de um mundo multipolar, com maior equilíbrio entre potências emergentes e tradicionais. Pequim busca reforçar sua influência global por meio do multilateralismo, do respeito à soberania dos Estados e da defesa de reformas na governança internacional, ao mesmo tempo em que mantém uma postura pragmática em relação aos interesses de sua política externa.
Reformas e desafios
A China defende reformas no Conselho de Segurança para torná-lo mais representativo, embora mantenha uma postura cautelosa sobre a ampliação do número de membros permanentes. Pequim também busca vincular a segurança internacional ao desenvolvimento econômico, argumentando que a paz duradoura depende da redução da pobreza e do crescimento sustentável.
O evento de alto nível do dia 18 de fevereiro será uma oportunidade para a China reforçar sua visão de uma ordem internacional multipolar, fortalecendo a ONU como um mecanismo essencial para a estabilidade global e promovendo um sistema de governança mais justo e equilibrado.
O Pacto para o Futuro da ONU
O Pacto para o Futuro é um documento aprovado durante a Cúpula do Futuro da ONU, realizada em setembro de 2024, com o objetivo de revitalizar o multilateralismo e promover uma governança global mais eficiente e inclusiva. O pacto estabelece diretrizes para enfrentar desafios globais, como mudanças climáticas, desigualdades econômicas, crises humanitárias e o avanço da tecnologia sem regulamentação adequada.
Objetivos do Pacto para o Futuro
- Reforçar o multilateralismo e a cooperação internacional, garantindo que as decisões globais sejam tomadas de forma coletiva.
- Aprimorar a governança global, tornando as instituições internacionais mais representativas e eficazes.
- Fortalecer o cumprimento da Carta da ONU, promovendo a paz, a segurança internacional e a defesa dos direitos humanos.
- Impulsionar o desenvolvimento sustentável, acelerando a implementação dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), que incluem a erradicação da pobreza, combate às mudanças climáticas e promoção da inclusão social.
- Reformas na arquitetura financeira internacional, reduzindo as desigualdades no acesso ao financiamento para países em desenvolvimento.
- Regular o avanço da inteligência artificial e da tecnologia, promovendo um uso seguro e ético das inovações digitais.
Implicações do Pacto para o Futuro para a Governança Global
O pacto propõe a reforma de órgãos multilaterais, como o Conselho de Segurança da ONU, para torná-los mais inclusivos e eficazes diante das novas dinâmicas globais. Também enfatiza a necessidade de maior representatividade de países em desenvolvimento nas decisões internacionais.
A iniciativa busca acelerar a resposta coletiva a crises globais, como pandemias e desastres ambientais, por meio de uma maior cooperação entre governos, setor privado e sociedade civil.
A posição da China
A China tem se posicionado favoravelmente ao Pacto para o Futuro, alinhando-se à ideia de um multilateralismo reformado e defendendo maior protagonismo de países emergentes na governança global.
Durante o debate de alto nível do Conselho de Segurança da ONU, marcado para 18 de fevereiro, Pequim deve reforçar seu compromisso com o pacto, destacando a necessidade de um sistema mais justo e equilibrado.
O Pacto para o Futuro representa um marco na modernização da ONU e das instituições multilaterais, com foco em governança global, justiça social e sustentabilidade. Sua implementação exigirá um esforço conjunto dos países membros para equilibrar interesses políticos, econômicos e estratégicos no cenário internacional.