A China confirmou que participará da Cúpula de Ação sobre Inteligência Artificial, que será realizada em Paris, na França, nos dias 10 e 11 de fevereiro de 2025.
O Ministério das Relações Exteriores chinês anunciou, durante coletiva de imprensa nesta sexta-feira (7), que o presidente Xi Jinping será representado no evento pelo vice-primeiro-ministro do Conselho de Estado da China, Zhang Guoqing.
O porta-voz Lin Jian ressaltou que a China é uma defensora e praticante ativa da governança global da Inteligência Artificial (IA).
“Por meio desta cúpula, a China espera fortalecer a comunicação e os intercâmbios internacionais, construir consenso para a cooperação e impulsionar ativamente a implementação do Pacto Digital Global da ONU”, declarou Lin.
Além disso, o porta-voz convidou todos os países a participarem da Conferência Mundial de Inteligência Artificial de 2025 (leia abaixo), que será realizada em Xangai entre os dias 21 e 23 de fevereiro.
Iniciativas da China sobre IA
Em outubro de 2023, o presidente Xi Jinping apresentou a Iniciativa de Governança Global para a Inteligência Artificial, propondo soluções para o uso dessa tecnologia.
A proposta enfatiza a necessidade de um equilíbrio abrangente na governança da IA, abordando temas como:
- Valores éticos e segurança
- Normas internacionais
- Desenvolvimento de capacidades tecnológicas
- Mecanismos institucionais para regulamentação
A iniciativa também defende a criação de um ambiente de desenvolvimento aberto, inclusivo, acessível e não discriminatório, garantindo que todas as nações se beneficiem dos avanços da IA.
Além disso, a China propõe que a governança da IA seja estabelecida no marco das Nações Unidas, com participação igualitária de todos os países, reforçando o compromisso com o multilateralismo.
Em setembro de 2024, durante uma reunião de alto nível na ONU, o chanceler chinês Wang Yi apresentou o Plano de Ação de Fortalecimento de Capacidades em IA para o Bem e para Todos, alinhado à iniciativa de Xi Jinping.
Esse plano visa reduzir a divisão digital e de inteligência, contribuindo para a implementação da Agenda 2030 da ONU para o Desenvolvimento Sustentável. Entre suas propostas estão:
- Cooperação em infraestrutura de IA
- Empoderamento industrial
- Capacitação de pessoal
- Desenvolvimento de dados e governança da segurança
A China comprometeu-se a realizar 10 seminários sobre IA até o final de 2025, priorizando países em desenvolvimento, além de sugerir a criação do Grupo de Amigos da Cooperação Internacional em Fortalecimento de Capacidades em IA para a concretização do plano.
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Essas iniciativas refletem o compromisso da China em promover uma governança global da IA que seja inclusiva, equitativa e benéfica para todas as nações, especialmente as em desenvolvimento.
Cúpula de Ação sobre Inteligência Artificial
A Cúpula de Ação sobre Inteligência Artificial ocorrerá em Paris, França, nos dias 10 e 11 de fevereiro de 2025. O evento, co-presidido por França e Índia, será realizado na École Polytechnique, uma das instituições de engenharia mais renomadas da Europa.
A cúpula é organizada pelo Grupo de Trabalho sobre IA e Integridade da Informação da Coalizão Global para Justiça Tecnológica (GCTJ) e tem como objetivo abordar as desigualdades globais na governança da IA, promovendo uma abordagem mais equitativa e inclusiva no desenvolvimento e implementação dessas tecnologias.
Os principais temas da cúpula incluem:
- Confiança na IA: Desenvolver mecanismos que garantam a transparência e a responsabilidade nos sistemas de IA.
- Governança Global de IA: Estabelecer diretrizes para a supervisão internacional da IA, assegurando que seu desenvolvimento seja benéfico para todas as nações.
- IA de Interesse Público: Promover o uso da IA para o bem comum, garantindo que seus benefícios sejam distribuídos de maneira justa, sem ampliação de desigualdades.
A cúpula também visa implementar propostas concretas, como a criação de:
- Rede de Laboratórios de Equidade de IA
- Conselho Cidadão de Desenvolvimento (CDC)
- Laboratório de Inovação em Políticas de IA (APIL)
- Sistema de Supervisão Multissetorial (MOS)
Essas iniciativas buscam empoderar comunidades marginalizadas, incentivar a participação cidadã na elaboração de políticas de IA e garantir uma supervisão transparente e responsável dos sistemas de IA.
A Cúpula de Ação sobre IA representa um esforço significativo para enfrentar os desafios associados ao rápido avanço da inteligência artificial, enfatizando a necessidade de uma governança inclusiva e baseada em direitos.
Conferência Mundial de Inteligência Artificial em Xangai
A Conferência Mundial de Inteligência Artificial (WAIC, na sigla em inglês) de 2025 será realizada em Xangai, entre os dias 21 e 23 de fevereiro.
Este evento global reunirá desenvolvedores, pesquisadores e profissionais da área de IA para discutir avanços tecnológicos, aplicações práticas e governança da IA.
A conferência tem como objetivo estimular o desenvolvimento de soluções inovadoras em IA, promovendo a integração entre diferentes setores da economia digital. Espera-se que o evento fortaleça a vitalidade do setor de IA e contribua para o avanço da tecnologia na China e no mundo.
A edição anterior da WAIC 2024 contou com 35.600 participantes presenciais e cerca de 32 milhões de espectadores online, demonstrando a crescente relevância da conferência no cenário global de inteligência artificial.
Além da WAIC, a China sediará outros eventos relacionados à IA em 2025, incluindo a Exposição Internacional de Inteligência Artificial de Xangai, programada para ocorrer de 24 a 28 de setembro, no Centro Nacional de Convenções e Exposições de Xangai.
Esses eventos refletem o compromisso contínuo da China em liderar o desenvolvimento e a governança da IA, alinhando-se às diretrizes estabelecidas no Plano de Desenvolvimento de Inteligência Artificial de Próxima Geração, que pretende posicionar o país como líder global em IA até 2030.
Papel da China na governança de IA
A participação da China na Cúpula de Ação sobre Inteligência Artificial em Paris reforça sua posição como um dos principais atores na governança global da IA. Além disso, o país segue investindo em políticas para reduzir desigualdades digitais, promover o multilateralismo e fomentar inovações tecnológicas que beneficiem todas as nações.
Com a Conferência Mundial de IA em Xangai e outras iniciativas globais, a China busca fortalecer sua liderança no setor, estabelecendo diretrizes para uma governança justa, segura e inclusiva da inteligência artificial no mundo.