A China deu calorosas boas-vindas à nova adição à família do BRICS. A Indonésia passa a fazer parte do grupo como membro pleno. A recepção ao novo integrante do bloco foi feita nesta terça-feira (7) durante coletiva regular de imprensa do Ministério das Relações Exteriores da China, em Pequim, pelo porta-voz Guo Jiakun.
Guo comentou que o mecanismo de cooperação do BRICS surgiu no contexto da ascensão coletiva de mercados emergentes e países em desenvolvimento e que reflete o desejo do mundo por paz, desenvolvimento comum e uma governança global melhor.
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O porta-voz observou que quase duas décadas após o lançamento do BRICS, o grupo agora representa quase metade da população global, mais de um terço da economia mundial e mais da metade do crescimento econômico global.
"A representatividade, o apelo e a influência do BRICS têm aumentado constantemente, tornando-se uma plataforma vital para promover a solidariedade e a cooperação do Sul Global e uma força importante para impulsionar a reforma do sistema de governança global", afirmou.
Guo afirmou ainda que a China está pronta para trabalhar com todos os membros do BRICS para abraçar o espírito de abertura, inclusão e cooperação ganha-ganha.
Ele pontuou ainda o interesse dos chineses em avançar no desenvolvimento de alta qualidade da cooperação ampliada do BRICS, defender conjuntamente um mundo multipolar igualitário e ordenado, promover uma globalização econômica universalmente benéfica e inclusiva, e construir uma comunidade com um futuro compartilhado para todos.
"O futuro reserva grandes promessas para a cooperação ampliada do BRICS", observou.
Guo destacou que a Indonésia é um importante país em desenvolvimento e uma força significativa no Sul Global, reconhece altamente o espírito do BRICS e tem participado ativamente da cooperação “BRICS Plus”.
O porta-voz ressaltou que a entrada oficial da Indonésia no BRICS atende aos interesses comuns dos países do BRICS e do Sul Global, e acreditamos que a Indonésia contribuirá ativamente para o desenvolvimento do BRICS.
"A China está pronta para trabalhar com a Indonésia e outros membros do BRICS para construir conjuntamente uma parceria mais abrangente, próxima, prática e inclusiva, avançar no desenvolvimento de alta qualidade da cooperação ampliada do BRICS e contribuir ainda mais para a construção de uma comunidade com um futuro compartilhado para a humanidade.
Ampliação do BRICS
O Brasil assumiu a presidência rotativa do BRICS em 1º de janeiro de 2025, com foco em temas como governança global inclusiva, inteligência artificial e financiamento para combater as mudanças climáticas. Sob o comando brasileiro, o bloco entra em uma nova fase de expansão estratégica.
Nesta segunda-feira (6), o governo brasileiro anunciou que a Indonésia se tornou um membro pleno do grupo por meio de uma nota do Itamaraty.
"A candidatura da Indonésia recebeu o aval dos líderes do agrupamento na Cúpula de Joanesburgo, em agosto de 2023, no contexto do processo de expansão do quadro de membros plenos do BRICS. Em função da realização de eleições presidenciais em 2024, a Indonésia comunicou formalmente ao grupo o seu interesse de ingressar no BRICS, somente após a formação de novo governo. Os países do BRICS, por consenso, aprovaram a entrada da Indonésia no agrupamento, em consonância com os princípios orientadores, critérios e procedimentos da expansão do quadro de membros acordados em Joanesburgo", informa o texto da diplomacia brasileira.
Membros plenos x países parceiros
Desde o dia 1º de janeiro deste ano houve a expansão do bloco com a adesão de países parceiros: Cuba, Bolívia, Bielorrússia, Cazaquistão, Malásia, Tailândia, Uganda e Uzbequistão.
Os membros plenos do BRICS – Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul e, agora, Indonésia – têm participação ativa nas principais decisões do bloco. Isso inclui voto em iniciativas estratégicas, formulação de políticas e acesso privilegiado aos instrumentos econômicos do grupo, como o Novo Banco de Desenvolvimento (NDB).
A adesão plena implica um compromisso de longo prazo com os objetivos do BRICS, que abrangem desde a promoção da multipolaridade até a reforma das instituições de governança global, como o FMI e a ONU.
No caso da Indonésia, sua entrada como membro pleno reflete sua crescente relevância como potência emergente no Sul Global. A nação asiática não apenas fortalece o BRICS economicamente, mas também amplia sua influência geopolítica, especialmente na região do Sudeste Asiático.
Os países parceiros, por sua vez, têm um papel mais restrito. Eles colaboram em iniciativas específicas, como programas de cooperação tecnológica, comércio e desenvolvimento sustentável, mas sem o poder de decisão dos membros plenos. Essa categoria funciona como um estágio preliminar para um possível ingresso pleno no futuro, permitindo que os países parceiros se alinhem gradualmente aos objetivos do bloco.
O papel do Brasil na liderança do BRICS
Sob a presidência do Brasil, o BRICS busca reforçar sua coesão interna e ampliar sua relevância no Sul Global. Ao diferenciar membros plenos e países parceiros, o Brasil trabalha para garantir que a expansão seja inclusiva, mas estratégica, priorizando o fortalecimento da governança e a diversidade de vozes dentro do bloco.
O chanceler brasileiro destacou que o modelo de expansão adotado em 2025 reforça a “cooperação ampliada”, equilibrando pragmatismo econômico e solidariedade política. A inclusão de países como a Indonésia e o estreitamento dos laços com parceiros refletem o compromisso do Brasil em liderar um BRICS mais dinâmico e representativo, alinhado às demandas de um mundo multipolar.
Com a presidência brasileira, o BRICS entra em uma nova era, reafirmando sua posição como plataforma essencial para a cooperação do Sul Global e catalisador de reformas no sistema internacional.