O presidente chinês, Xi Jinping, e o presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, conversaram por telefone nesta sexta-feira (17), em um diálogo marcado por temas como o banimento do TikTok, questões comerciais e a busca por maior cooperação entre as duas maiores economias do mundo.
A ligação, realizada a pedido de Trump, ocorre poucos dias antes de sua posse na Casa Branca, em meio a tensões geopolíticas e debates sobre segurança de dados.
Te podría interesar
Xi iniciou a conversa parabenizando Trump por sua reeleição e destacando a importância de fortalecer as relações bilaterais no novo mandato presidencial americano.
“Esperamos um bom início para o relacionamento China-EUA e estamos prontos para garantir maiores progressos a partir de um novo ponto de partida”, afirmou Xi, segundo a Xinhua.
O TikTok e a segurança de dados
O diálogo aconteceu no mesmo dia em que a Suprema Corte dos EUA confirmou a decisão de banir o TikTok, caso sua empresa-mãe, a ByteDance, não venda os ativos do aplicativo nos EUA até 19 de janeiro de 2025. A medida foi justificada por preocupações de segurança nacional, com alegações de que o governo chinês poderia acessar dados de cidadãos americanos por meio do aplicativo.
Durante a conversa, Trump mencionou a decisão judicial e reiterou sua preocupação com a privacidade e a segurança dos dados dos usuários americanos.
Xi, por sua vez, destacou a necessidade de respeitar os interesses centrais e as preocupações de cada país, propondo que os dois lados encontrem formas apropriadas de resolver suas diferenças.
CEO do TikTok agradece Trump
Enquanto Xi e Trump falavam ao telefone e em meio à decisão da Suprema Corte de manter o banimento do TikTok nos Estados Unidos, o CEO da plataforma, Shou Zi Chew, divulgou uma declaração em que agradece ao presidente eleito dos EUA por seu compromisso em encontrar uma solução que permita ao aplicativo continuar operando no país.
Chew ressaltou que o TikTok desempenha um papel essencial na vida de mais de 170 milhões de americanos, oferecendo um espaço para conexões, criatividade e negócios.
"Estamos lutando para proteger o direito constitucional à liberdade de expressão, contra a censura arbitrária", disse, referindo-se ao impacto da Primeira Emenda na defesa do aplicativo.
O CEO destacou que mais de 7 milhões de empresas americanas usam o TikTok como ferramenta para alcançar clientes e gerar receita. Além disso, elogiou Trump por compreender a importância da plataforma, observando que o presidente acumulou mais de 60 bilhões de visualizações em conteúdos postados no TikTok.
Chew também tranquilizou os usuários, prometendo que a empresa fará o possível para preservar a plataforma como um espaço vibrante de criatividade e descoberta.
"Fiquem tranquilos, faremos tudo ao nosso alcance para garantir que nossa plataforma prospere", concluiu.
Cooperação e desafios comerciais
Durante conversa com Trump, Xi também enfatizou que China e EUA compartilham amplos interesses comuns e um vasto espaço para cooperação, podendo contribuir para o sucesso mútuo e a prosperidade global. Ele ressaltou que confronto e conflito não devem ser opções para as duas nações e pediu esforços conjuntos para promover ações práticas que beneficiem ambos os países e o mundo.
Trump, por sua vez, reafirmou seu compromisso de manter o diálogo com Xi e buscar soluções conjuntas para desafios globais. Em sua rede social Truth Social, Trump descreveu a conversa como “muito boa para a China e os EUA” e expressou otimismo quanto à possibilidade de resolver questões pendentes entre as duas nações.
Uma nova abordagem diplomática?
Especialistas consultados pelo jornal chinês que circula em inglês Global Times, como Diao Daming, da Universidade Renmin da China, destacaram a importância estratégica da troca de opiniões entre os dois líderes.
Segundo Diao, a diplomacia entre chefes de estado pode desempenhar um papel crucial na orientação das relações bilaterais, ajudando a garantir um desenvolvimento estável e sustentável.
Apesar dos sinais positivos na conversa, tensões permanecem em temas como acusações americanas de trabalho forçado em Xinjiang e restrições à exportação de semicondutores para a China.
Ainda assim, interações culturais, como a recente migração de americanos para o aplicativo chinês Xiaohongshu, mostram que há espaço para cooperação e diálogo entre as sociedades das duas potências.
A ligação entre Xi e Trump sinaliza a possibilidade de um novo capítulo nas relações China-EUA, marcado pela tentativa de equilibrar diferenças geopolíticas e ampliar a cooperação em áreas de interesse mútuo.
Enquanto questões sensíveis, como o banimento do TikTok, continuam em destaque, o diálogo reforça a importância de encontrar caminhos para uma convivência pacífica e produtiva entre as duas superpotências.