CHINA EM FOCO

Guerra comercial: o que o Congresso dos EUA prepara contra a China?

Projeto de lei que amplia restrições a investimentos estadunidenses provoca reação da potência asiática e promete agitar relações econômicas globais

Guerra comercial entre EUA e China cada vez mais acirrada..Congresso dos EUA vai votar nos próximos dias projeto de lei que intensifica restrições contra a China.Créditos: Getty Images
Escrito en GLOBAL el

O Congresso dos Estados Unidos deve votar, nos próximos dias, uma legislação que amplia restrições sobre investimentos estadunidenses na China.

A medida, parte de um projeto de lei que também busca financiar operações governamentais até meados de março, inclui disposições voltadas para setores tecnológicos sensíveis, como inteligência artificial e microeletrônica, além de abordar preocupações de segurança nacional.

Durante coletiva regular de imprensa nesta quarta-feira (18), Lin Jian, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, expressou a insatisfação do país asiático em relação ao projeto.

“Expandir excessivamente o conceito de segurança nacional e obstruir deliberadamente as trocas econômicas e comerciais normais por motivos políticos contraria os princípios da economia de mercado, da concorrência justa e do livre comércio, que os EUA afirmam defender”, afirmou.

Lin também destacou os impactos globais que tais restrições podem gerar. Segundo ele, as ações dos EUA desestabilizam cadeias industriais e de suprimentos, prejudicando todas as partes envolvidas.

“A China insta os políticos relevantes dos EUA a pararem de politizar e transformar questões econômicas e comerciais em armas, e a promoverem as condições necessárias para a cooperação econômica e comercial entre os dois países”, apelou.

Detalhes do Projeto de Lei

A legislação proposta pelo Congresso dos eua visa restringir investimentos em setores estratégicos da China e já gerou polêmica. Em outubro, o Departamento do Tesouro finalizou regras que entrarão em vigor em janeiro de 2025, limitando investimentos em tecnologias como inteligência artificial e semicondutores. O novo projeto de lei, no entanto, vai além e inclui:

  • Estudos de segurança sobre riscos relacionados a roteadores e modems chineses.
     
  • Revisão de compras imobiliárias realizadas por empresas chinesas próximas a áreas sensíveis de segurança nacional nos EUA.
     
  • Divulgação de entidades estrangeiras: A Comissão Federal de Comunicações (FCC) deverá listar todas as empresas com conexões a governos adversários, como a China, que operam no país.

Impactos no comércio e indústria

O Departamento de Comércio dos EUA também trabalha em medidas para proibir fabricantes de automóveis chineses de vender veículos no país, além de restringir operações de empresas como a China Telecom no país.

Parlamentares estadunideses criticaram grandes provedores de índices financeiros que canalizam bilhões de dólares em investimentos para empresas chinesas, acusadas de contribuir para o desenvolvimento militar do Partido Comunista Chinês (PCCh).

Além das restrições, o projeto de lei exige a análise de novos modelos de inteligência artificial com potenciais usos militares ou de vigilância. Parlamentares afirmam que a medida é crucial para proteger interesses nacionais.

Reação global

As restrições impostas pelos EUA vêm em um momento de tensão crescente entre as duas maiores economias do mundo. A reação da China reflete não apenas a preocupação com os impactos econômicos diretos, mas também com os efeitos a longo prazo na cooperação internacional e nas cadeias globais de suprimentos.

Enquanto o Congresso dos EUA se prepara para votar o pacote, os olhos do mundo permanecem atentos ao desenrolar dessas decisões e às implicações para as relações entre as duas potências.

Era Trump gera incertezas

A recente vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais dos Estados Unidos tem levado a China a avaliar cuidadosamente as implicações para as relações bilaterais e a economia global.

LEIA TAMBÉM: China-EUA: Guerra comercial ganha novos contornos com volta de Trump

Em novembro de 2024, o presidente chinês, Xi Jinping, enviou uma mensagem de congratulações a Trump, enfatizando que a história demonstra que China e Estados Unidos têm a ganhar com a cooperação e a perder com a confrontação.

Xi expressou esperança de que ambos os países intensifiquem o diálogo, administrem adequadamente as diferenças e ampliem a cooperação mutuamente benéfica, visando encontrar um caminho adequado para a convivência na nova era.

Apesar dessa postura diplomática, analistas chineses preveem desafios econômicos significativos com o retorno de Trump à Casa Branca.

Há expectativas de que o governo Trump possa impor novas tarifas e aumentar a pressão econômica sobre a China, intensificando a guerra comercial iniciada em seu primeiro mandato.

Além disso, a maioria republicana no Congresso dos EUA tem manifestado interesse em revisar ou até mesmo cancelar acordos comerciais históricos com Pequim, o que poderia afetar negativamente as relações econômicas entre os dois países.

Em resposta, a China tem adotado uma postura cautelosa, preparando-se para uma era de imprevisibilidade nas relações com os Estados Unidos.

Reporte Error
Comunicar erro Encontrou um erro na matéria? Ajude-nos a melhorar